Anteontem acordei com uma notícia que me agradou particularmente: a ASFAC - Associação de Instituições de Crédito Especializado propôs ao Ministério da Educação a criação de uma nova disciplina de educação financeira logo a partir do ensino básico.
Nos últimos anos tenho vindo a defender publicamente esta ideia sempre que posso. Os portugueses são, de um modo geral, muito iletrados do ponto de vista financeiro. E, na minha opinião, o maior culpado é o Estado. Reforma após reforma no sistema educativo, o país está actualmente a formar jovens adultos completamente iletrados sob esse ponto de vista. De facto, durante todo o ensino básico e secundário, eles não são sequer sensibilizados para as questões ligadas ao valor do dinheiro. Todos os jovens estudantes, independentemente da área de estudos que, eventualmente venham a seguir, deveriam sair da escolaridade obrigatória com um mínimo de educação financeira. Ora, em boa verdade isso não acontece nem mesmo com aqueles que optam, no 10º ano, por Estudos Socioeconómicos!... Não admira que um país cujo sistema de ensino passa completamente ao lado destes assuntos tenha milhares de cidadãos sobreendividados. A relação cliente-banco é daquelas em que a informação é mais assimétrica: uma das partes sabe tudo e a outra não sabe quase nada. Devia ser uma obrigação do Estado atenuar esta assimetria, nomeadamente promovendo a educação financeira junto dos jovens, ao longo do seu percurso escolar. Na minha opinião, isso pode não passar, obrigatoriamente, pela criação de uma nova disciplina. Creio ser possível atingir os mesmos objectivos por outras vias. Um dia destes falarei aqui de uma organização que surgiu nos EUA há quase um século (e actualmente activa em mais de 100 países, Portugal incluído) que, considero, vale a pena conhecer.
Espero sinceramente que a ASFAC tenha o peso suficiente para que a sua proposta venha a ser uma realidade. Andariam muito bem outras organizações se a secundassem e reforçassem esta sua posição. Porque não uma petição pública? Afinal andam por aí outras, certamente mais mediáticas, mas provavelmente menos importantes...
1 comentário:
Neste contexto, posso dizer que partilho totalmente da opinião do Dr. Rogério Matias, sendo um defensor da iniciativa da ASFAC. De facto, penso que qualquer cidadão deveria possuir um conjunto mínimo de conhecimentos financeiros que lhe permitissem compreender e executar alguns hábitos de poupança, evitar despesismos desnecessários, optar (se for estritamento necessário) pela modalidade de crédito mais aconselhável, escolher a instituição de crédito que proporciona as melhores condições de financiamento, etc.. No fundo, todos nós nos devemos empenhar neste combate à "iliteracia financeira". E os "combatentes" podem ser muitos: as próprias instituições de crédito (ao respeitarem a lei e ao fornecerem aos seus clientes informações fidedignas, objectivas e transparentes), o Estado (inclusive, em diversas vertentes, na reformulação dos actuais planos de ensino incentivando a literacia financeira, promulgando leis que apelem à objectividade e à transparência na divulgação da informação financeira, etc.), o Banco de Portugal (exercendo a sua função de supervisão bancária de forma rigorosa), associações como a DECO, a própria ASFAC, as famílias (particularmente os pais, ao educarem desde cedo os seus filhos a lidarem com o valor temporal do dinheiro), ... Enfim, qualquer um de nós deverá fazer parte deste combate à iliteracia financeira.
Como nota final, queria aproveitar para deixar uma referência ao site da ASFAC (http://www.asfac.pt), nomeadamente à sua secção "Educação Financeira", onde poderemos encontrar muitas informações e conselhos úteis acerca deste assunto. Na verdade, segundo a ASFAC, a partir dos 2 e 3 anos de idade, já é possível ensinar às crianças algumas questões simples relacionadas com o dinheiro. Como tal, não percamos mais tempo...
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