sexta-feira, 28 de maio de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 41. "Empreendedorismo - mitos (I)"

Entrevistado pela Dra. Paloma Cabañas, o Dr. Samuel Barros, num primeiro apontamento sobre o assunto, decifra alguns mitos associados à noção de Empreendedorismo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O défice do Estado e o défice das famílias portuguesas

Queria aproveitar este apontamento para falar um pouco sobre o défice. Porventura, neste momento já estarão a pensar: “mais um a falar na história do défice”! Pois bem, não pretendo falar tanto do défice do Estado português, nem da bondade ou da eventual ineficácia das medidas recentemente tomadas, mas mais do défice das famílias portuguesas. De facto, as semelhanças são muitas…

Todos sabemos que a questão do défice das nossas contas públicas, é algo que nos deve preocupar a todos. Contudo, parece-me que existe um défice que as pessoas em geral ainda não atribuíram a devida atenção: o défice das famílias. A situação deste défice não é muito diferente da situação do défice do Estado. De facto, tem-se registado ao longo dos anos um défice estrutural no orçamento das famílias e, porventura, a situação não tende a melhorar no curto prazo.

As medidas para combater o défice das famílias são em tudo idênticas às medidas para combater o défice das nossas contas públicas: ou aumentamos as nossas receitas, ou diminuímos as nossas despesas, ou, preferencialmente, fazemos simultaneamente uma coisa e outra.

Em relação ao aumento das receitas das famílias, talvez o mecanismo seja um pouco mais complicado do que o aumento das receitas do Estado. De facto, ao contrário do Estado, não podemos pura e simplesmente cobrar mais impostos de modo a consegui-lo. Além disso, poderíamos eventualmente trabalhar horas extraordinárias, pedir um aumento de salário ao nosso patrão… Todavia, na conjuntura actual, fazer isso será muito difícil.

Deste modo, talvez possamos corrigir o nosso défice agindo sobretudo ao nível das despesas. Quando falo em cortar nas despesas do nosso agregado familiar, não falo apenas nas despesas correntes, por exemplo: se temos o hábito de fumar, porventura esta seja uma boa altura para reduzirmos ou, até mesmo, deixarmos de fumar (faz bem à saúde e à “carteira”), evitarmos gastar tanto dinheiro em bens supérfluos (ou, pelo menos, que não sejam de primeira necessidade, como sejam carteiras, acessórios de moda, decoração para a casa, etc.). Quando falo em cortar nas despesas estou a referir-me a algo de mais duradouro, de certa forma, estrutural. Por exemplo: será que a casa que nós adquirimos através de crédito à habitação foi a mais indicada para nós?! Por vezes, mesmo as famílias mais pequenas, optam por comprar habitações de grandes dimensões, situação que se faz repercutir depois durante todos os meses da nossa vida quando pagamos a prestação do crédito (ou pelo menos enquanto durar o crédito à habitação). Será que precisamos efectivamente de comprar o novo modelo de automóvel que acabou recentemente de ser lançado, quando comprámos carro há dois ou três anos atrás?! Com certeza que o carro novo não será mais barato e, novamente, lá está a prestação do crédito automóvel a aumentar. No fundo, o que eu quero dizer é que se é importante reduzir as nossas despesas correntes, do dia-a-dia, tão ou mais importante é reduzir as despesas que sabemos que nos vão afectar a médio/longo prazo.

Ora se tivermos a ambição de viver acima das nossas possibilidades, se não tivermos a mentalidade adequada, corremos o risco de comprometer de forma estrutural o défice do nosso orçamento familiar. É importante pensar bem antes de tomarmos certas decisões de consumo, recolher informação, fazer contas, comparar propostas de entre a concorrência,... É importante poupar, e quanto mais tarde o começarmos a fazer, maior terá de ser o esforço quando estivermos perto da reforma. Para fazer tudo isto de forma adequada existe algo que é fundamental: a literacia financeira. Se nós não soubermos o que significam os conceitos e termos que constam da maior parte dos créditos que contraímos e das aplicações que fazemos, se não soubermos minimamente fazer contas, muito dificilmente conseguiremos apurar convenientemente o nosso défice e corrigi-lo.

Naturalmente que aquilo que eu disse anteriormente não se aplica a todas as famílias portuguesas. Contudo, se existirem famílias que não tenham este tipo de mentalidade, muito sinceramente afirmo que não têm moral e credibilidade para criticar o próprio défice das contas do Estado. Afinal, ambas as situações não serão idênticas?! E, já agora não resisto: talvez os governantes e os políticos necessitem também um pouco de mais literacia financeira…

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Parque Botânico Arbutus do Demo – um excelente exemplo de Turismo de Natureza

Definido pelo Plano Estratégico Nacional de Turismo como um produto estratégico para o país, o Turismo de Natureza surge com uma oferta rica e variada em toda a região Dão Lafões.

Hoje, convidamo-lo a conhecer um pouco do Parque Botânico Arbutus do Demo (PBAD), situado em pleno coração das “Terras do Demo”, designadas desta forma por Aquilino Ribeiro, um projecto pioneiro de elevada importância na gestão e conservação de uma grande diversidade de espécies.

Este Parque situa-se na freguesia da Queiriga a cerca de 5 kms de Vila Nova de Paiva, ao km 73,5 da EN323. Instalado nos terrenos do antigo viveiro Florestal da Queiriga, abandonado na década de 90, tem uma área total de 80.000m2, dos quais 50.500m2 correspondem à área do viveiro e 12.500m2 correspondem a matas de coníferas e folhosas, constituindo um património de inestimável valor paisagístico e ambiental, onde se encontra reunido mais de um milhar de diferentes espécies botânicas.

O PBAD compreende um quadrado central, horta, pomar, espaço de conservação, arboreto, viveiro e alguns edifícios possuidores de uma arquitectura característica que foram totalmente remodelados, respeitando a traça original.

A reabilitação de toda esta área é resultado de uma parceria no âmbito do Programa Comunitário Interreg III B Sudoe, tendo daí resultado a Rede de Jardins do Sudoeste Europeu. Esta rede é formada pelo PBAD, pelo Jardim do Sudoeste Europeu da Guarda, Jardim Europeu de Módubar de la Empareda (Espanha) e Jardim Europeu Arboretum de la Chaise Dieu (França). A prioridade deste programa é a gestão do património cultural e natural e a promoção do ambiente dos espaços integrados.

O PBAD é um excelente exemplo de união entre empresas e instituições e conta com diversos “actores”: Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva, Instituto Politécnico de Viseu (Escola Superior Agrária e Associação para o Desenvolvimento e Investigação de Viseu) e Empresas (Moinho da Carvalha Gorda, Ervital e Vasco Pinto).
Actualmente, encontra-se aberto das 09H00 às 17H00 de 2ª a 6ª feira, sendo habitual disponibilizar um horário específico para os meses de Verão, que pode ser consultado na página http://arbutusdodemo.eu/. Aceite a sugestão e não deixe de visitar um dos mais bonitos jardins do sudoeste europeu.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 40. "O Sistema de Indemnização aos Investidores"

O Dr. Ilídio Silva , entrevistado pelo Dr. Pedro Antunes, esclarece sobre o Sistema de Indemnização aos Investidores.

terça-feira, 18 de maio de 2010

A Ditadura do Curto Prazo (II)

Após ter escrito a primeira reflexão sobre a ditadura do curto prazo (ler “A Ditadura do Curto Prazo (I)”) ouvi a entrevista dada pepo presidente da Jerónimo Martins, Alexandre Soares dos Santos – aliás uma entrevista notável ao programa Negócios da Semana em 11/03/2010 - em que ele referia a “ditadura do trimestre”, designando assim a necessidade dos C.E.O. (chief executive officer) apresentarem resultados baseados em objectivos de curto prazo e deles depender a seu sucesso empresarial e de quanto isso é pernicioso para as organizações.
Este condicionamento temporal na definição de objectivos desvirtua aquilo que deveria ser o objectivo maior que é o do crescimento sustentável de uma empresa. Poder-se-ia pensar que os objectivos do C.E.O. ou dos diferentes colaboradores com influência na tomada de decisões, confluiriam com os objectivos de sustentabilidade das empresas. Puro engano! O que a crise internacional veio revelar, foi precisamente o conflito de interesses que existe entre a propriedade e a gestão dessa propriedade quando não exercida pelos seus proprietários. E, para além disso, veio revelar o lado mais escabroso desses conflitos – é que o desejo dos C.E.O. de obterem a recompensa pelo sucesso nos objectivos atingidos, fez com que se usassem os mais diversos artifícios para os atingir. Os artifícios utilizados foram e são diversos: dispersão de capitais em fundos “carrossel”; investimentos em bens cujo valor era essencialmente especulativo; investimentos avultados em imóveis (provocando uma espiral especulativa nos valores desses bens); criatividade na apresentação dos relatórios financeiros das empresas; nos paraísos fiscais , mistura de capitais de origem limpa (por vezes aplicações do dinheiro para as reformas dos contribuintes) com capitais de origem nos mercados de tráficos diversos.
Sinceramente não acredito que, enquanto os interesses de curto prazo forem sobrevalorizados e avaliados, este estado de coisas se altere. Os governos tenderão a sobreinvestir em ano de eleições, os governantes não farão reformas estruturais, os C.E.O. privilegiarão investimentos de menor período de retorno, os professores procurarão passar os alunos para cumprir as taxas de sucesso do ano escolar, pela qual serão eles próprios avaliados, as amizades far-se-ão enquanto existir o interesse momentâneo de daí resultar um benefício comum. Tenderão a ser relegados para segundo plano, os princípios, a ética, a moral, as ideologias, a poupança, a família. Assim sendo, as “bolhas” especulativas ou imobiliárias, continuarão a rebentar, os paraísos fiscais continuarão a existir, os sucessivos governos não procurarão fazer os devidos investimentos e reformas públicas, as diferentes avaliações servirão apenas para satisfazer estatísticas.
Como referia Alexandre Soares dos Santos, a propósito dos investimentos na Polónia – “…estivemos oito anos para obter o retorno do investimento realizado na Polónia e estamos agora a receber o justo prémio desse esforço!”. Tenho pena que existam tão poucos empresários assim. Empresários que pensem em atingir objectivos de longo prazo.
O curto prazo pode criar a ilusão de tivemos êxito. O êxito, no entanto, deve medir-se pelo esforço em o alcançar!

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Triple Helix em Viseu

Triple Helix é um modelo de desenvolvimento, chamemos-lhe assim, lançado por Etzkowitz (Universidade de Newcastle) e Leydesdorff (Universidade de Amesterdão), que se baseia na perspectiva da universidade assumir o papel de líder na relação com a economia e o poder politico para gerar conhecimento, inovação e desenvolvimento económico.

Presidentes tomam decisões

Tinha um artigo sobre o Triple Helix em cima da secretária quando li a notícia (nem de propósito!). O título era, aliás, sugestivo: “Presidentes reúnem-se e aprovam plano para a Região de Viseu” e, em subtítulo, concretizava: “Inovação, empreendedorismo e internacionalização serão os eixos de acção da futura Agencia de Promoção Económica da Região de Viseu”. Mas quem seriam os Presidentes? Lá estavam: “Presidente do Instituto Politécnico de Viseu, Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Dão-Lafões, Presidente da Associação Empresarial da Região de Viseu e Presidente da Associação de Comerciantes de Viseu, estes dois em nome da Federação das Associações Empresariais da Região de Viseu (em formação)”.

Continuando a citar a notícia, aí se dizia que o ponto único da ordem de trabalhos foi: “Respostas da Região de Viseu para o futuro”. Talvez ... algo contraditório, mas interessante!

“Feita a caracterização da crise em que o País se encontra mergulhado – continua o jornalista - e considerando que não dispõem de poderes que lhes permitam intervir de forma decisiva para o fim dessa mesma crise, entenderam, porém, que é tempo de a Região aproveitar este momento de grande insatisfação e de alguma indefinição, para darem passos no sentido de concertarem estratégias tendo em conta o futuro da Região”.

E2i – é o plano de acção

Assim, decidiram avançar com um programa de acção até 2015. Trata-se de um plano simples e objectivo que pretende intervir em 3 domínios:

a) Empreendedorismo – desenvolvimento de um plano para o empreendedorismo que culmine com o apoio à incubação e que tenha por base três vectores: a) formação para o empreendedorismo abrangendo todos os níveis de ensino; b) criação de concursos ou outras formas de incentivar o aparecimento de projectos de negócio ou de natureza social; c) prioridade a projectos de base tecnológica, a projectos vocacionados para a internacionalização e a pequenas iniciativas artesanais na perspectiva da valorização dos saberes e dos produtos locais (a suscitar o apoio das juntas de freguesia)

b) Inovação – Aposta em 6 áreas de i&d: energias; biotecnologias; madeiras; TI/saúde; soc da informação, turismo. Alguns vectores para esta acção: a) Identificação e criação de redes das instituições locais com congéneres de outras regiões ou países; b) Criação de redes de contactos entre o ensino superior da Região e as empresas. Identificados parceiros e áreas de intervenção passa-se à fase seguinte de preparação dos projectos para a acção.

c) Internacionalização – Apoio (formação, estudos de mercado, informação) às empresas que pretendam exportar; colocar a Região na rota dos congressos internacionais, começando com dois congressos por ano; fazer o upgrade das geminações para a área dos negócios entre agentes económicos de municípios geminados, etc.

Por último, a Agencia irá criar um Portal (português, espanhol e inglês) com 3 faces: Viseuinova, Viseuinternacional e Viseuempreende.

Claro que para além do Triple Helix também os Deolinda me vieram à memoria:

Agora sim, damos a volta a isto!

Agora sim, há pernas para andar!

Agora sim, eu sinto o optimismo!

Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

Só não sei em que jornal veio a notícia! Terá sido no do dia seguinte?

Alfredo Simões

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 39. "A Pobreza"

A propósito do "Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e Exclusão Social", 0 Dr. Alfredo Simões, entrevistado pela Dra. Isabel Martins, esclarece sobre os actuais problemas de Pobreza.

domingo, 9 de maio de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 38. "Prestação de Contas"

A Dra. Isabel Martins, entrevistada pelo Dr. Alfredo Simões, esclarece sobre a Prestação de Contas das empresas.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Solidariedade com Portugal

Nos últimos dias com o agravar da situação económica do país, com consequência do facto da Standard & Poor ter baixado o ranking da divida portuguesa, alguns meios de comunicação social, nomeadamente os televisivos, efectuaram sondagens sobre se os portugueses estariam dispostos a ajudar o seu país, ou por outras palavras, se os portugueses estariam dispostos a abdicar de parte ou até mesmo de todo o seu subsídio de férias e de Natal para ajudar o país. Portanto, o que perguntaram aos portugueses é se estes estão dispostos a ser solidários com o seu país? Todos nós sabemos que os portugueses são um povo solidário: basta pensar nas situações recentes da Madeira e do Haiti. Eu não coloco em dúvida a solidariedade dos portugueses, o que questiono é se mesmo perante a sucessão de situações de forte dúvida ética e moral que todos os dias são notícia, com o estado a que a justiça social chegou (para não falar na saúde e educação) como poderemos ser encorajados a continuar a ser solidários? O que nos estão a pedir é para contribuir para uma causa sabendo que, muito provavelmente, a nossa contribuição vai ser desbaratada em projectos megalómanos e de viabilidade económica duvidosa! No imediato, Portugal vai pedir emprestado 2 mil milhões de Euros para ser solidário com a Grécia, o que parece um contra-senso, mas o facto de pertencermos ao Euro a tal nos obriga.
O desafio actual é o de pensar global, o de ser global, mas não se esqueça que será mais uma vez a sua solidariedade pessoal que estará no curto prazo a ser novamente questionada. Porque a parte influência o todo por dele fazer parte, lembre-se de ser solidário!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O desafio do TOC : ser parceiro na gestão do negócio

As recentes alterações na contabilidade, com a introdução do Sistema de Normalização Contabilística (SNC) a partir de Janeiro de 2010, e no Estatuto da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (EOTOC) desafiam o Técnico Oficial de Contas (TOC) a um papel mais pró-activo e exigente. Apesar da contabilidade continuar a ser da responsabilidade do órgão de gestão (que em microempresas se confunde com o “dono” que é simultaneamente o gerente) o artigo 6º do EOTOC alarga o leque das funções do TOC. Para além das suas funções no âmbito da regularidade técnica contabilidade e fiscal, passa a integrar as inerentes à segurança social e consultoria. Este “novo papel” reforça o interesse público da profissão, o reconhecimento da sociedade em geral e dos empresários em particular. O TOC, com o alargamento da sua intervenção, terá, obviamente, um melhor conhecimento do negócio da entidade e passará a ser um parceiro na tomada de decisão, acrescentando valor – ajudando o órgão de gestão a percepcionar adequadamente os riscos e oportunidades do seu negócio (antecipando os problemas), com informação atempada e útil à tomada de decisão.

Cabe a cada TOC assumir este desafio! Para corresponder às exigências do SNC o TOC tem de conhecer a realidade objectiva do negócio que a Contabilidade expressa. Tem conhecer melhor as necessidades de cada cliente (ou entidade patronal), incluindo a envolvente interna e externa. A sua grande aposta terá de ser feita na formação, não só para si próprio (e equipa, se for o caso) como também para “formar” os seus clientes de forma “falarem” a mesma linguagem (linguagem técnica imprescindível).

Neste momento, alguns leitores perguntarão: A que preço, qual o valor dos honorários quando há uma concorrência no mercado entre os TOC (e que é proibida!) Cabe a cada um assumir a responsabilidade da escolha – o nº 6 do Artigo 52º do ETOC refere que “os técnicos de contas devem cobrar honorários adequados à complexidade, ao volume de trabalho, à amplitude da informação a prestar e à responsabilidade assumida pelo trabalho executado.” Aliás, é a razão pela qual O TOC, no âmbito da prestação de serviços, o TOC está dispensado da afixação dos preços, no âmbito da “Lei da Concorrência”. E, logo no ponto seguinte, no nº 7, refere que “a prática injustificada de honorários não adequados aos serviços prestados é contrária ao princípio de lealdade profissional”, punível nos termos do Estatuto – infracção disciplinar.

É a hora da mudança de atitude perante a profissão a fim de que possa merecer o respeito de todos. O novo Estatuto não é compatível com o facilitismo ou o “deixa andar”. O mais importante é o bom uso da informação contabilística para a gestão das entidades quer por parte do TOC quer pelo órgão de gestão. O TOC é um profissional que detém informação privilegiada acerca da situação económica e financeira da empresa, devendo a par com o órgão de gestão, potenciar a actividade económica, tão importante nos nossos dias, antecipando os problemas, criando valor.

(I) Literacia financeira

(Nota prévia: este artigo foi publicado no jornal E-notícia, da Associação de Estudantes da ESTGV - edição de Abril/2010)

Dirigindo-se este jornal, sobretudo, a alunos da ESTGV (alunos de engenharia e gestão em sentido amplo) parece-me oportuno abordar um tema que considero de grande importância para qualquer cidadão e, em especial para alunos do ensino superior, independentemente do curso que frequentam. Refiro-me à questão da (i)literacia financeira. Considero que qualquer cidadão deveria possuir um conjunto de conhecimentos financeiros mínimos. Isso deveria competir à Escola (entenda-se, ao sistema de ensino). Na sociedade actual, goste-se ou não, o relacionamento com os bancos é incontornável, quer ao nível profissional, quer particular. Esta relação é muito assimétrica: uma das partes (o cliente) tem muito menos informação (conhecimento) do que a outra (o banco) ficando, por isso, numa situação de grande fragilidade. Fala-se, hoje, muito do problema do sobreendividamento e atribui-se normalmente a culpa à banca. Concordo, mas creio que há mais responsáveis. As próprias pessoas, claro, mas também o Estado, na medida em que não lhes proporciona a mais pequena sensibilização para estes problemas. De facto, o actual quadro do sistema de ensino pura e simplesmente ignora a sensibilização das crianças e jovens para as questões ligadas ao dinheiro. O Estado tem preferido legislar, legislar, legislar. Mas por muito que se legisle, nunca se legisla tudo. Além disso, a legislação não é, quase nunca, preventiva; pretende antes ser curativa, ou seja, aparece para resolver um problema que já se manifestou, não para o prevenir. Na verdade, ela nem sequer é verdadeiramente curativa, mas sim paliativa. Entendo convictamente que seria preferível educar as pessoas, começando pelas crianças e jovens. Sucede que nem sequer aos estudantes que, no 10º ano, optam por Estudos Socioeconómicos são facultados ensinamentos financeiros básicos! O que se passa actualmente é que o país está a formar jovens adultos completamente iletrados do ponto de vista financeiro. Perante isto, será de admirar que haja cada vez mais pessoas sobreendividadas?

Este estado de coisas estende-se, depois, pelo percurso universitário. É compreensível que, com a cada vez menor duração das licenciaturas, o tempo nem sequer chegue para abordar o essencial de cada curso, quanto mais para abordar outros temas, entendidos como laterais. Isto sugere-me duas reflexões:
1. Não concordo que os assuntos de índole financeira a que me refiro devam ser considerados laterais; considero, pelo contrário, que eles devem ser considerados transversais, ou seja, que interessam e são importantes para qualquer futuro diplomado;
2. Ainda que não fazendo parte dos planos de estudos obrigatórios de todos os cursos, creio que poderiam ser oferecidos como opção ou, no limite, como “curso breve”, passível de referência no Suplemento ao Diploma dos estudantes que os frequentassem.

E que assuntos seriam esses? Eis alguns exemplos:

- O que é e como é calculada a Euribor? O que é o “spread”?
- O que significa taxa nominal, taxa efectiva, capitalização de juros, taxa bruta, taxa líquida?
- Como são calculados os juros dos depósitos? E dos empréstimos? Há legislação específica sobre isto?
- Como é que o banco calcula o valor das prestações associadas a um financiamento, tanto a nível profissional como particular (leasing e crédito habitação, por exemplo)?
- Como devo escolher entre várias propostas de financiamento? Que factores devo ter em consideração?
- O que posso fazer para baixar o valor da prestação relativa a um empréstimo? Quais os impactos a outros níveis?
- Se conseguir efectuar determinada amortização extraordinária, quanto fico a pagar a menos em cada prestação? Quanto poupo, com isso, no final?
- Como posso avaliar se determinado investimento é interessante ou não? Que limitações tem essa avaliação?

Estes (e muitos outros) são temas habitualmente abordados numa disciplina (ou “unidade curricular”, como se passou a dizer em bolonhês) que faz parte da maioria das licenciaturas (e mesmo Pós-Graduações) em Gestão e afins, designada Cálculo Financeiro. É o que acontece na ESTGV, nas licenciaturas em Gestão de Empresas e Contabilidade e Administração.

Dirão que estou a chegar a brasa à minha sardinha mas repito: convictamente, penso que estes assuntos são suficientemente interessantes e importantes para fazerem parte do plano de estudos de qualquer licenciatura, E quando digo “qualquer” quero mesmo dizer “qualquer”. Todas! Evidentemente, com alguns ajustamentos em termos de conteúdos e carga horária. Digo mais: de todas as unidades curriculares de todos os cursos, esta é certamente das que têm mais utilidade prática para o futuro, independentemente da profissão que vier a ser exercida. Ela fornece um conjunto de conceitos que hoje deveriam ser considerados básicos para o exercício da cidadania, mais do que simplesmente úteis para o exercício de uma ou outra profissão.

A este respeito cabe referir que o Departamento de Gestão da ESTGV (dGest) tem promovido, nos últimos anos, alguns cursos breves nesta área. Um deles é o curso “Noções Fundamentais de Cálculo Financeiro para Futuros Engenheiros”, que este ano terá a sua terceira edição. Trata-se de um curso de aproximadamente 10 horas, dirigido a alunos finalistas de qualquer curso de Engenharia da Escola. A sua frequência é gratuita. Nele serão abordados os conceitos e temas atrás referidos. No fundo, é um modesto contributo do Departamento de Gestão no sentido de promover a literacia financeira dos futuros engenheiros diplomados pela ESTGV.

Remuneração de gestores

As empresas existem para satisfazer necessidades que de outro modo se conseguiriam com menor eficiência e, consequentemente, com maior dispêndio para os consumidores.
Quando alguém diz “(…) a empresa é minha com ela eu faço o que quero (…)” tal choca com o interesse social da empresa de satisfação de uma necessidade.
O lucro que gera tem como finalidade compensá-la pelos recursos aplicados, pagar os impostos e, por último, repor a capacidade de geração de novos recursos. O lucro não pode nem deve, mesmo se possível, ilimitado.
Antigamente, o lucro regulava-se pelo funcionamento do mercado e, também, por auto-controlo baseado na moral da época, nos conceitos de avareza e usura, etc.
Por exemplo, qualquer negócio de comércio a retalho há umas dezenas de anos atrás, fixava o preço a praticar acrescentando ao custo uma margem máxima de 30 %.
Hoje este raciocínio já não tem razão de ser mas tal não significa que a empresa possa definir a margem de lucro que lhe apeteça. Naturalmente, o mercado encarrega-se desta auto-limitação. Mas não chega.
Se o mercado em que se actua é, formal ou informalmente, monopolista, até porque o seu negócio corresponde aos designados serviços públicos apesar de geridos numa lógica privada, em Portugal criou-se a figura das “Entidades Reguladoras” para, entre outros objectivos, controlar estas situações.
A prática tem demonstrado que estas entidades podem servir para justificar outros objectivos mas não, certamente, o de serem “reguladores”.
Se não há limites para as margens de lucro sendo tudo licito desde que os consumidores paguem, então quanto maior o lucro melhores os gestores pois os lucros são sempre crescentes, mesmo que à custa da prática de preços exorbitantes.
O que passa a ser fundamental não contempla a função social mas tão só a crescente capacidade de retorno para os accionistas.
Nesta lógica é natural que se os lucros podem não ter limite, então também as remunerações dos gestores que definem e implementam as estratégias não têm limites.
Os gestores formados e preparados muitas vezes com o apoio de fundos públicos têm agora direito ao reconhecimento social e a obterem remunerações, num ano, que seriam uma excelente remuneração para a maioria das pessoas, ao longo de toda uma vida de trabalho.
Na vida não vale tudo mesmo que, em certas situações, possa parecer que tudo seja possível.
A remuneração dos gestores, tal como a de outra qualquer profissão tem que ter um limite que, sem pôr em causa os princípios do alinhamento com os interesses dos accionistas e sem deixar de ter um carácter variável com o nível de desempenho, assegure também princípios de equidade, de transparência e de justiça social.
Carlos Rua
2010-04-17

sábado, 1 de maio de 2010

Ainda o D. Sustentável ou a “promoção” de clusters regionais/nacionais

Precisamente…

Viana do Castelo, uma “congénere” de Viseu, a impulsionar o … Mar!

Portugal: Mar, Floresta, Turismo, Energias Alternativas(?)…

Este tipo de projectos são “fertilizantes”, promovendo a germinação do estatuto: Capital (utilizando um epíteto simplista) do Mar, da Floresta …; agremiando um cluster.

Praça de touros transformada em centro do cluster do Norte para a economia do mar

A Praça de Touros de Viana do Castelo poderá ser transformada em Centro de Mar, no âmbito do Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar (…) Para dinamizar este cluster, foi constituída uma associação, a Oceano XXI, cujos sócios fundadores são a Associação Mar Centro e o Instituto para o Desenvolvimento do Conhecimento do Mar.
(…)

Considerado como um dos projectos-âncora do cluster, este centro será um núcleo central de coordenação e dinamização de actividades económicas potenciadoras do desenvolvimento da região. A sua actividade assenta em três grandes áreas: o turismo, a investigação relacionada com a água (mar e rios) e a formação/certificação, enquanto pilar promotor de uma "cultura do mar" e da qualificação e desenvolvimento.

O projecto vem ao encontro da nova aposta da autarquia de transformar Viana numa cidade náutica do Atlântico, que está a ser equacionada no âmbito do Plano Estratégico da cidade até 2013 (…) pretende contribuir para o desenvolvimento económico e social de toda a região.


in Jornal: PÚBLICO, 27 Abril, 2010