terça-feira, 31 de março de 2009

“Descubra um Portugal Maior”

Este é o nome da maior campanha de sempre para a promoção interna de Portugal, lançada em Fevereiro de 2009. Trata-se de uma iniciativa que se enquadra na estratégia do actual Governo para reforçar a aposta na promoção do país.
A campanha Descubra um Portugal Maior pretende estimular os portugueses a redescobrir o país e a desfrutar da diversidade da oferta turística nacional. Ao mesmo tempo que, na opinião da Confederação do Turismo, vai permitir “a recuperação do sector do Turismo em tempo de crise”. Trata-se de uma forma de proteccionismo, à imagem do que acontece já noutros países, como forma de estimular a economia, veja-se a título de exemplo, o plano americano com a polémica cláusula “Buy American” que incentiva a compra de produtos feitos nos EUA.
O Turismo de Portugal prevê um investimento de 4 milhões de euros para a promoção interna. O objectivo é estimular o turismo nacional, seguindo o exemplo francês, em que 70% das receitas de Turismo são provenientes dos próprios franceses e 30% dos estrangeiros.
De salientar que a par desta campanha, o Turismo de Portugal lançou o portal www.descubraportugal.com.pt que além de uma área reservada aos diferentes destinos nacionais, permite aos hoteleiros e agentes de viagens disponibilizarem promoções e outros serviços turísticos.
Colocar Portugal nos destinos de férias dos portugueses é o objectivo primordial deste novo portal. Com mais de 11 mil visitas e 100 mil ‘pageviews’, nas duas primeiras semanas, este novo site apresenta-se com menus por distribuição geográfica, com 13 destinos regionais, por também 13 temas, e conta com 20 mil registos de oferta turística. Uma das principais funcionalidades deste portal é a pesquisa que o consumidor pode fazer de férias e fins-de-semana; alojamento; rent-a-car; e restaurantes.
Saiba, então, alguns dos números deste “Portugal Maior”:
92.090 kms2 de território
151 cidades
701.685 hectares de áreas protegidas
495 praias
40 serras
26 picos
2031 hotéis
44 pousadas
1.025 turismos em espaços rurais
1.102 museus e galerias
1.067 espaços de espectáculos
Descubra mais em www.descubraportugal.com.pt

sábado, 28 de março de 2009

Educação financeira...

Anteontem acordei com uma notícia que me agradou particularmente: a ASFAC - Associação de Instituições de Crédito Especializado propôs ao Ministério da Educação a criação de uma nova disciplina de educação financeira logo a partir do ensino básico.

Nos últimos anos tenho vindo a defender publicamente esta ideia sempre que posso. Os portugueses são, de um modo geral, muito iletrados do ponto de vista financeiro. E, na minha opinião, o maior culpado é o Estado. Reforma após reforma no sistema educativo, o país está actualmente a formar jovens adultos completamente iletrados sob esse ponto de vista. De facto, durante todo o ensino básico e secundário, eles não são sequer sensibilizados para as questões ligadas ao valor do dinheiro. Todos os jovens estudantes, independentemente da área de estudos que, eventualmente venham a seguir, deveriam sair da escolaridade obrigatória com um mínimo de educação financeira. Ora, em boa verdade isso não acontece nem mesmo com aqueles que optam, no 10º ano, por Estudos Socioeconómicos!... Não admira que um país cujo sistema de ensino passa completamente ao lado destes assuntos tenha milhares de cidadãos sobreendividados. A relação cliente-banco é daquelas em que a informação é mais assimétrica: uma das partes sabe tudo e a outra não sabe quase nada. Devia ser uma obrigação do Estado atenuar esta assimetria, nomeadamente promovendo a educação financeira junto dos jovens, ao longo do seu percurso escolar. Na minha opinião, isso pode não passar, obrigatoriamente, pela criação de uma nova disciplina. Creio ser possível atingir os mesmos objectivos por outras vias. Um dia destes falarei aqui de uma organização que surgiu nos EUA há quase um século (e actualmente activa em mais de 100 países, Portugal incluído) que, considero, vale a pena conhecer.

Espero sinceramente que a ASFAC tenha o peso suficiente para que a sua proposta venha a ser uma realidade. Andariam muito bem outras organizações se a secundassem e reforçassem esta sua posição. Porque não uma petição pública? Afinal andam por aí outras, certamente mais mediáticas, mas provavelmente menos importantes...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Recessão técnica: o que é?

Tem-se falado muito, por força da situação das economias, de recessão técnica. Nesta altura, como muitos outros países, Portugal está nessa situação. O que é, então, a recessão técnica?

A recessão técnica ocorre quando se verifica uma redução da produção, em termos reais (ou seja, em volume, em quantidades produzidas), durante dois trimestres consecutivos (a taxa de variação percentual da produção real regista, nesses dois trimestres, valores negativos).

Como se mede a produção? E o que significa produção real?

O valor da produção realizada no território económico de um país num determinado período é dado pelo PIB (Produto Interno Bruto), que se obtém, basicamente, pela multiplicação das quantidades produzidas de bens e serviços pelos correspondentes preços de mercado. Se os preços usados no cálculo forem os preços correntes do período a que a produção respeita, temos um PIB a preços correntes. No entanto, se o que se pretende é avaliar como as quantidades produzidas (ou seja, em volume) evoluem no tempo, este indicador é pouco interessante, pois o seu valor varia em função das alterações nas quantidades e nos preços.
Daí que um indicador mais correcto da variação da produção em volume seja o PIB real (ou a preços constantes), que resulta da valorização da produção de cada período aos preços constantes de um ano considerado base (actualmente em Portugal o ano base é 2000). Neste caso, como os preços usados no cálculo para os diversos períodos são os mesmos, então o único factor para a variação do PIB é a variação em volume (ou seja, das quantidades).

Como se calcula a taxa de variação percentual do produto real num período?

Matematicamente obtém-se pela divisão da variação no PIB real (valor do período - valor do período anterior) pelo valor do PIB no período anterior, multiplicando-se depois por 100 (para se obter valor percentual).
Para Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística, INE, no 4º trimestre de 2008 o valor daquele indicador foi de -1,6%, significando que a produção nesse trimestre (32.583,9 milhões de euros) caiu, em termos reais, 1,6% relativamente ao 3º trimestre (33.106,1 milhões de euros). No 3º trimestre a produção havia caído 0,2% (relativamente ao 2º trimestre). Daí a recessão técnica.
Se em vez de produções trimestrais se compararem produções anuais, obtém-se a taxa de variação anual da produção real. Em Portugal, em 2008, essa taxa foi de 0%, significando que a economia não cresceu, relativamente a 2007.

quarta-feira, 25 de março de 2009

“A economia mundial não está em depressão”

Quem o diz é Paul Krugman, talvez o mais conhecido economista norte-americano da actualidade e prémio Nobel da Economia, em 2008, no seu mais recente livro, que temos vindo a recomendar neste blogue. E, acrescenta, de seguida: “ provavelmente não se afundará numa depressão, apesar da magnitude da crise actual (mas gostava de ter a certeza absoluta quanto a isso)”.
Ao longo do livro, o autor vai descrevendo os “avisos” que foram sendo deixados nos últimos tempos pelas crises por que passaram a América Latina, o Japão e a Ásia e, apesar disso, em 2003, um outro economista norte-americano, Robert Lucas, também prémio Nobel, nesse mesmo ano, afirmara que “o problema fulcral de prevenção da depressão foi resolvido em todos os seus aspectos práticos”, cita P. Krugman.
Krugman, para além das referencias pouco abonatórias à actuação da Reserva Federal (o banco central) dos EUA no tempo de Greenspan (1987-2006), explica o papel desempenhado pelo sistema bancário, em particular, daquilo a que chama “sistema bancário-sombra”, um sector não regulamentado e que foi responsável pelos mercados de títulos com leilão de taxas (auction-rate securities), uma invenção do tristemente célebre Lehman Brothers.

sábado, 21 de março de 2009

21/03, Dia internacional da poesia. E não pode ser também da economia?

O início da Primavera marca o início de um renovado ciclo da Natureza. Coincide com as comemorações do Dia Internacional da Poesia. Daqui a menos de uma semana, no dia 27 deste mês, será o Dia Mundial do Teatro e no passado dia 24 de Fevereiro comemorou-se o dia mundial do Cinema. Mais à frente, a 17 de Maio será o dia mundial dos Museus. É um tempo de Primavera e, simultaneamente, dedicado ás artes e à cultura.
Não é fácil juntar estes dois temas: cultura e economia. No entanto, o sector cultural é cada vez mais um sector produtivo que, na Europa, já possui um peso económico superior ao sector agrícola, por exemplo. Alem disso, faz parte daqueles sectores onde se englobam as restantes actividades criativas que têm taxas de crescimento superiores à média da economia. Em Portugal estes indicadores andam pela metade.
Afinal, cultura joga bem com economia. Cultura é um sector com uma grande margem de crescimento no valor da produção e do emprego, algo que nos tempos que correm faria muito bem à economia! E não só.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Como baixar a prestação do crédito à habitação?

No âmbito da actual crise financeira, qualquer cidadão comum tem como objectivo poupar nas despesas mensais do seu agregado familiar. Naturalmente que uma das despesas mensais mais significativas de qualquer agregado familiar é a prestação do crédito à habitação. De um modo geral, poderemos baixar a prestação do nosso crédito à habitação: amortizando dívida, reduzindo o spread e alargando o prazo do crédito.
Vejamos, com um pequeno exemplo, cada uma destas opções. Suponha que pretende contrair um crédito à habitação no montante de 100.000 euros, por um prazo de 30 anos, com uma taxa de juro indexada à Euribor a 3 meses. Isto significa que a prestação mensal do seu crédito à habitação irá acompanhar a evolução da Euribor a 3 meses, sendo revista de 3 em 3 meses.
Por lei, qualquer contrato de crédito à habitação de taxa indexada deverá utilizar a média aritmética simples dos valores do indexante registados nos dias úteis do mês anterior ao período de contagem de juros. Se solicitar uma simulação de crédito durante o actual mês de Março, o valor da Euribor a utilizar deverá ser a média diária da Euribor registada nos dias úteis de Fevereiro. Relativamente à Euribor a 3 meses, o valor a usar neste mês será de 1,943%. Se utilizarmos um spread de 1% (valor meramente indicativo), a taxa de juro a aplicar ao crédito à habitação será de 2,943%. Com estes dados, o valor da prestação mensal do crédito à habitação seria de 418,54 euros.
Amortizar dívida
Imaginemos que dispúnhamos actualmente de 5.000 euros e que é nossa intenção utilizarmos este capital para amortizar dívida. Mantendo as restantes condições do nosso crédito à habitação, a prestação mensal passaria a apresentar um valor de 397,61 euros, situação que se traduziria numa poupança de 2.533,65 euros em termos de juros totais do crédito (naturalmente que, sendo os juros do crédito calculados com base no capital em dívida, se este agora passa a ser menor, também inferiores serão os juros a pagar daí por diante). Contudo, esta poupança não seria líquida, na medida em que é prática habitual das instituições bancárias cobrarem cláusulas de reembolso antecipado. Por lei, estas encontram-se limitadas, no máximo, a 0,5% do capital a reembolsar nos créditos de taxa indexada e a 2% nos créditos de taxa fixa.
Reduzir o spread
O spread constitui a margem de lucro que a instituição bancária adiciona ao valor do indexante (neste exemplo, a Euribor a 3 meses). Ao contrário do valor do indexante, o spread poderá ser negociado directamente entre cliente e instituição bancária, dependendo, de entre outros aspectos, da concorrência entre as diversas instituições bancárias, da própria posição do cliente perante a instituição bancária, da conjuntura, etc..
Suponhamos que, no exemplo em concreto, após a negociação entre o cliente e a instituição bancária, para o empréstimo no montante de 100.000 euros, a 30 anos, indexado à Euribor a meses (1,943%), se conseguia um spread de 0,5% (e não 1%, tal como era apontado inicialmente). A taxa de juro do crédito à habitação passaria a ser de 2,443%, situação que originaria uma prestação mensal de 392,16 euros. Ora, a redução do spread para 0,5% traria, em termos de juros totais do crédito, uma poupança no montante de 9.494,05 euros em relação à situação inicial com um spread de 1%.
O spread aplicado a um contrato de crédito à habitação é definido no momento da assinatura do contrato, mantendo-se válido até final do prazo do contrato. Contudo, durante a vigência do mesmo, o spread poderá ser renegociado, se bem que, por razões óbvias, a iniciativa normalmente parta do próprio cliente da instituição bancária. Acentue-se também o facto de que, ao contrário do que acontecia até Setembro do ano passado, as instituições bancárias foram obrigadas por lei a deixar de cobrar comissões para que o spread pudesse ser revisto. Dada a actual crise financeira, as instituições bancárias, na generalidade, têm-se mostrado muito pouco receptivas em conceder spreads mais baixos nos novos créditos à habitação e a renegociar os spreads dos créditos à habitação já existentes.
Alargar o prazo do crédito
A ideia é muito intuitiva: se temos mais tempo para pagar o mesmo capital em dívida, não será necessário pagar tanto mensalmente. Para termos uma ideia do impacto desta opção, imaginemos que contraímos o nosso crédito à habitação no montante de 100.000 euros, indexado à Euribor a 3 meses (no valor de 1,943%) e um spread de 1%, por um prazo de 50 anos. Para este prazo, a prestação mensal do crédito passaria a ser apenas de 318,50 euros (compare-se este valor com os 418,54 euros da prestação mensal para um prazo de 30 anos nas restantes condições). De facto, parece atractivo! O “reverso da medalha” é que os juros totais do crédito “disparam”; passamos a pagar mais 40.429,61 euros de juros em relação à situação com prazo de 30 anos.
E a consolidação de créditos?!
Uma última solução (não abordada neste artigo) para baixar a prestação mensal do crédito à habitação é a consolidação de créditos. Contudo, esta medida tem alguns efeitos “perversos”, apenas sendo aconselhada em relação a situações de grande “aperto” financeiro. A consolidação de créditos será devidamente analisada num próximo artigo…

quinta-feira, 19 de março de 2009

Não tenho tempo para ler

Vem isto a propósito de um trabalho do Diário de Viseu no qual alguns leitores se queixavam da falta de tempo para porem a leitura em dia. É falso! Todos temos tempo para ler. O que importa é recusar “regras” e “princípios” que se encontrarão escondidos no nosso subconsciente e que dificultam o exercício de leitura. Por exemplo: “Ler é uma coisa solene”, “Ler é para intelectuais” ou “Ler é na biblioteca e em lugares mais ou menos snobs”.
Ler é apenas um acto banal da inteligência humana. Por isso, qualquer hora é boa para a leitura e qualquer lugar é apropriado. Podemos ler no autocarro, no banco do jardim, na casa de banho, na esplanada do bar enquanto bebemos uma cerveja, nos minutos de espera pela hora de almoço, na cama, ao deitar, etc.
Ler não é reservar uma hora por dia ou uma tarde por semana. Ler é apenas agarrar num livro, usá-lo durante 5 minutos ou uma hora. O livro não nos impõe qualquer restrição, nós é que escolhemos: o momento, o local, a circunstância.
É verdade que Fernando Pessoa nos diz “ai que prazer ... ter um livro para ler e não o fazer” e acrescenta mesmo que Jesus Cristo “nem consta que tivesse biblioteca”! Bom, admitindo que isto é verdade, certamente que alguma coisa deveremos ter evoluído nos últimos dois mil anos! Alem disso, sentimos ou não prazer na leitura do poema de Fernando Pessoa?
LIBERDADE
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

domingo, 15 de março de 2009

YUNUS

Muhammad Yunus é um economista do Bangladesh, prémio Nobel da Paz, em 2006, e que ficou conhecido por ser o criador e o incentivador do microcrédito no seu País e no mundo. Um leitor deste blogue, Paulo, deixou-nos, há dias, uma sugestão de leitura, “Criar um mundo sem pobreza” e à qual se pode juntar outra, “O banqueiro do povo”, ambas da autoria de M. Yunus e através das quais podemos conhecer o trabalho deste bengali e dos seus colaboradores no Banco Grameen (Banco da Aldeia), instituição criada para combater a pobreza extrema, em particular, das mulheres.
Através dos empréstimos concedidos, estas pessoas puderam tomar conta das suas vidas, libertar-se dos agiotas, melhorar as condições de vida dos seus filhos e olhar o futuro de cabeça erguida sem se sujeitarem à mendicidade ou à caridade. Alguém acreditou nas suas capacidades e sem exigir quaisquer garantias materiais cedeu-lhe os meios financeiros para pôr de pé um modo de vida autónomo, baseado no seu trabalho e nas suas competências específicas.
Esta acção de Yunus e do Banco Grameen, sem pretender tratar-se da solução milagrosa para acabar com a pobreza em todo o mundo, chama-nos a atenção para algumas realidades que devem merecer a nossa atenção:
a) A pobreza não se resolve com a caridade;
b) Importante é acreditar nas pessoas e nas suas capacidades para encararem de frente os problemas e escolherem as melhores soluções;
c) É necessário despertar a capacidade de empreender que existe em todas as pessoas e, para tal, é importante criar os estímulos adequados;
d) É importante desenvolver iniciativas a nível local, junto das pessoas concretas, para que elas assumam a sua capacidade de se tornarem autónomas e independentes de subsídios ou de esmolas que as curvam e lhes tolhem a vontade.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Afinal, quando baixa a prestação da casa?...

Nos últimos meses muito se tem falado da descida das taxas de juro e da consequente descida do valor da prestação que mensalmente pagamos ao banco relativa ao empréstimo da casa. Acontece, porém, que em muitos casos essa prestação continua sem baixar. Porquê?

A razão é simples e fácil de explicar. Na maioria dos contratos de crédito para compra de habitação a taxa de juro está directamente ligada (“indexada”) a uma outra taxa: a Euribor. Quando a Euribor sobe, a taxa de juro do empréstimo também sobe e, consequentemente, a prestação mensal associada fica mais elevada. Passa-se o oposto quando a Euribor desce. Porém, o efeito na prestação mensal não é imediato, uma vez que a taxa de juro associada ao empréstimo é revista de acordo com a periodicidade da Euribor escolhida.

Quer dizer que há mais do que uma taxa Euribor? E o que é, afinal, a Euribor? O que a faz aumentar ou diminuir?

A Euribor é uma taxa, calculada todos os dias úteis, que resulta da média das taxas de juro praticadas por um conjunto de grandes bancos, maioritariamente europeus, nas operações que praticam entre si. Isto significa que a Euribor não é fixada administrativa ou politicamente. Varia de acordo com as condições do mercado em cada dia. Na verdade, não há “uma” mas sim “várias” taxas Euribor, para vários prazos. No caso do crédito à habitação, as mais utilizadas são as Euribor a 3 e a 6 meses. Após terem atingido valores muito elevados em Setembro e Outubro do ano passado (superiores a 5%), estas taxas têm vindo a descer de forma significativa (estão actualmente abaixo de 2%).

Afinal, quando é que a prestação baixa?

Depende da Euribor que foi escolhida como indexante. Se foi a Euribor a 3 meses, a taxa de juro (e consequentemente a prestação mensal) é revista de 3 em 3 meses; se foi a Euribor a 6 meses, isso só acontece de 6 em 6 meses. Por exemplo, relativamente a um contrato celebrado ou renovado em Outubro do ano passado com base na Euribor a 6 meses, a taxa de juro subjacente teve como base a média da Euribor do mês anterior (5,219%, valor ao qual foi acrescido o chamado spread, que é, no fundo, a margem do banco). A primeira prestação paga após a celebração ou renovação deste contrato foi a de Novembro, mantendo-se esse valor nas cinco seguintes (Dezembro a Abril). A primeira prestação relativa ao semestre seguinte será a de Maio, calculada com base na média da Euribor de Março, muito inferior à que serviu de base à determinação das prestações anteriores (à data de hoje, 9 de Março, essa média está em 1,873%). Deste modo, a prestação mensal a pagar entre Maio e Outubro deste ano será agradavelmente inferior às seis anteriores.

quinta-feira, 12 de março de 2009

O jornal The Times elegeu dois parques de campismo portugueses como os melhores da Europa

Em tempos de crise faz-nos bem ao ego sabermos que o jornal britânico The Times elegeu os 20 parques de campismo mais “cool” da Europa e há dois portugueses na lista. Em primeiro lugar está o parque de campismo da Ilha das Berlengas e em segundo lugar o parque de campismo do Lugar da Várzea, entre Góis e Arganil.
O jornal descreve o parque das Berlengas assim: “Be brave — the sea crossing from Peniche can be bumpy, but the reward is a hillside camp site with exclusive access to the crystal waters of a small cove on Ilha da Berlenga. Only a dozen fishermen’s families live on the island, which is a protected nature reserve”.
O parque de campismo do Lugar da Várzea tem como atractivos naturais as praias fluviais e é caracterizado pelo The Times como: “Camp with a clear conscience in the hills of central Portugal, surrounded by the scent of jasmine, eucalyptus and orange blossom. The turquoise eco-yurts have a brass-knobbed bed and retro furnishings, while the owners’ organic allotment provides vines, figs and basil”.
Esta lista elaborada pelo The Times inclui ainda parques de campismo de Espanha, Grécia, França, Luxemburgo, Itália, Eslovénia, Croácia, Holanda e Alemanha.

Importante é não arranjarmos desculpas

Numa mensagem anterior dizia-se que era necessário que alguém desempenhasse um conjunto de tarefas que, resumidamente, são:
a) Coordenação das acções de solidariedade
b) Promoção do consumo na Região
c) Promoção das produções locais, nomeadamente de carácter artesanal
d) Organização da oferta de formação profissional
e) Promoção da Região no exterior
f) Promoção do empreendedorismo, desde o nível da freguesia
Quem deve desempenhar estas tarefas? Tal como são apresentadas, estas tarefas devem ser da responsabilidade dos agentes locais e regionais, nos mais diversos sectores de actividade e unidades territoriais. Por isso, é importante o trabalho das Juntas de Freguesia e das Câmaras municipais em a), b), c) e f), mas igualmente se pode interpelar a Comunidade Intermunicipal ou o Governo Civil para tarefas que tenham a ver com a coordenação em territórios mais alargados. Em termos sectoriais, não pode deixar de ser importante o dinamismo do Centro de Emprego/Centro de Formação e das instituições de ensino superior no que respeita à oferta de formação e no apoio ao empreendedorismo, bem como o papel das associações empresariais da Região na dinamização de muitas das tarefas. Importa que a Região se sinta única e os agentes capazes de unir esforços.
Porém, importante, importante, é a atitude de cada um de nós: para procurar outras qualificações, para agir de forma racional e não subjugado pelo medo, para comparar preços e qualidade dos produtos e optar, para olhar para o “saber-fazer” e as produções locais existentes e ver neles oportunidades de negocio e de afirmação da marca desta Região, para tomarmos a iniciativa e construirmos o próprio posto de trabalho.
Importante, importante, é não arranjarmos desculpas.
Por isso, talvez valha a pena (re)lermos os versos da canção “Movimento perpétuo associativo”, da autoria de Pedro da Silva Martins e interpretada pelos Deolinda:
Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vai parar!

-Agora não, que é hora do almoço...
-Agora não, que é hora do jantar...
-Agora não, que eu acho que não posso...
-Amanhã vou trabalhar...

Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!

-Agora não, que me dói a barriga...
-Agora não, dizem que vai chover...
-Agora não, que joga o Benfica...
e eu tenho mais que fazer...

Agora sim, cantamos com vontade!
Agora sim, eu sinto a união!
Agora sim, já ouço a liberdade!
Vamos em frente, e é esta a direcção!

-Agora não, que falta um impresso...
-Agora não, que o meu pai não quer...
-Agora não, que há engarrafamentos...
-Vão sem mim, que eu vou lá ter...

terça-feira, 10 de março de 2009

A estratégia do AEIOU

A obra de Álvaro Santos Pereira, O medo do insucesso nacional, é outro dos livros que precisamos de ler. À semelhança da referencia anterior, trata-se de um livro que utiliza uma linguagem simples e acessível, o que contraria uma mania persistente, em Portugal, de os assuntos tratados por especialistas o serem de uma forma impenetrável.
Esta obra começa por analisar a evolução da situação económica em Portugal até aos momentos mais complicados que hoje vivemos. Ao longo desta análise inicial são-nos relembradas muitas histórias de sucesso que o nosso Pais tem protagonizado, mas também é critico relativamente à obsessão do défice orçamental dos últimos governos. As “causas da nossa desgraça” situam-se na nossa fraca capacidade de poupança, nas politicas erradas de incentivos, nas deficiências organizativas que se verificam ao nível de sectores importantes como a justiça ou na fraca qualidade da educação, mas também nas dificuldades em cumprir prazos, na dependência de um estado demasiadamente paternalista, etc.). O autor apresenta ainda um conjunto de “campeões nacionais”, empresas e protagonistas (entre os quais o grupo Visabeira), verdadeiramente empreendedores no contexto da sociedade portuguesa e que venceram noutros contextos internacionais.
Embora não acredite em “receitas mágicas”, deixa um conjunto de acções e de comportamentos que seria importante desenvolvermos e que nos ajudariam a sair da actual situação. Em síntese, o autor esclarece o que designou por “Estratégia do AEIOU” (Arriscar mais, Educar melhor, Inovar mais, Organizar mais e melhor e Utilizar melhor as nossas vantagens comparativas) e termina esperançado com um capítulo designado por “Portugal, o orgulho de existir”.
Para alem da importância dos temas tratados e da linguagem acessível, razões suficientes para a sua leitura, esta obra tem outro aliciante que é o facto de o autor ser um viseense.

Esperanças “Keynesianas”

Volta a falar-se muito, por força da situação das economias, de John Maynard Keynes. As suas posições e ensinamentos readquirem actualidade e importância acrescidas.
Importa pois, neste espaço de “clareza no pensamento”, falar um pouco sobre esta personagem e algumas das suas ideias.
Keynes (1883-1946), economista inglês, foi um dos nomes maiores da ciência económica e aquele que marcou, de modo mais evidente, a política económica dos governos (em economias de mercado) a partir dos anos 30 do século XX.
Com um percurso de sucesso em áreas diversas, o seu trabalho em Economia culminou com a publicação em 1936, época da Grande Depressão, da obra Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, que aparece fundamentalmente como reacção e tentativa de compreender as razões e os mecanismos que conduziram à crise e ao enorme desemprego, involuntário e persistente, que se verificava.
Ao fazê-lo, rompe com as explicações clássicas e neoclássicas, prevalecentes até então, que defendiam que o mecanismo de mercado (no essencial, a livre interacção da procura e da oferta) continha os elementos que permitiriam ultrapassar, por si, as crises que fossem aparecendo, não sendo por isso necessária, nem desejável, a intervenção dos Governos em termos de política económica activa (explicações que a Grande Depressão se encarregou de contrariar, de forma inquestionável).
Keynes postula então que o mecanismo de mercado não era, afinal, “perfeito”, não resolvendo por si todos os problemas. Sendo assim, e para suprir essas falhas do mecanismo, “alguém” teria que ajudar a economia, competindo essa tarefa essencialmente ao Estado, sem colocar em causa, no entanto, o papel fundamental do mecanismo de mercado e do liberalismo económico.
Para Keynes, o desemprego (e quebra na produção) resultava sobretudo de uma procura insuficiente. Impunha-se por isso a adopção de políticas expansionistas adequadas que, incrementando as várias componentes da procura, induzissem crescimento da produção e emprego. Entre as intervenções recomendadas contavam-se a descida da taxa de juro (para fomentar o investimento), a redistribuição do rendimento a favor das classes de menores recursos (que aumentaria o consumo privado, dado estas classes consumirem uma maior parcela relativa do seu rendimento) e o acréscimo dos investimentos públicos.
As ideias de Keynes foram rapidamente colocadas em marcha, nomeadamente pelo Presidente americano Franklin Roosevelt, com a política do New Deal de combate à Grande Depressão. A mesma incorporava diversas medidas de carácter social, grandes projectos de obras públicas, incentivos ao investimento privado, etc., procurando assim expandir-se a procura nas suas diversas componentes.
Passados quase 80 anos, esta lógica de intervenção ganha novamente grande dimensão em várias economias, nomeadamente (e mais uma vez) nos Estados Unidos com o plano de recuperação económica (The American Recovery and Reinvestment Act 2009) da Administração Obama.
O plano (envolvendo um montante estimado de 787 mil milhões de dólares) engloba três vertentes principais: investimento público (em infra-estruturas, pesquisa e desenvolvimento no domínio das energias e na área da saúde, …), redução de impostos (aumentando o rendimento das famílias e favorecendo o crescimento das suas despesas) e intervenções de auxílio (nomeadamente nos domínios do desemprego e dos cuidados de saúde). A esta política orçamental acresce a política monetária (também ela expansionista) de redução da taxa de juro (seguida pela Reserva Federal americana), com vista à expansão do investimento e consumo.
Noutros países, nomeadamente europeus, a receita seguida é semelhante. Todas elas de inspiração marcadamente keynesiana.
As ideias de Keynes ajudaram seguramente a resolver algumas crises e a prevenir outras. Nos dias que correm, muitas das esperanças para a resolução da situação actual voltam a depositar-se nele. Ou melhor, nas suas ideias.

Como posso ajudar?

Em tempos de crise é necessário clareza no pensamento … e acção. Suponho que uma das perguntas mais frequentes que o cidadão comum faz é: “Que posso eu fazer para ajudar a combater a crise?”, pode ajudar!
E ajudar não é só dar dinheiro, que é muito importante, por vezes o mais importante é dar um pouco de tempo. A Cáritas Portuguesa organiza o seu habitual peditório de 12 a 15 de Março de 2009, mas este ano está a deparar-se com um problema extra, a falta de voluntários. Os voluntários são na sua maioria idosos, com pouca mobilidade, e os jovens voluntários não chegam. Assim, se quer ajudar as vítimas actuais e futuras da crise actual pode dar umas horas do seu tempo e recolher fundos para a Cáritas Portuguesa, o país agradece.

Se ainda puder contribui com algum dinheiro pode faze-lo para:

Banco Millennium bcp
Conta nº 5391695
NIB 0033 0000 0000 5391 6956 1

não se esqueça que ao contribuir tem ainda benefícios fiscais.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Presente com futuro

Os tempos que vivemos não são fáceis. Face à situação económica internacional que se tem vindo a degradar, a solução dos problemas terá de ser encontrada a nível global. Naturalmente que não se podem descartar as obrigações da UE nem dos governos nacionais para a ultrapassagem deste momento. Existe um problema difícil de retoma da procura agregada (consumo, investimento e exportações) e, por isso, ganhar confiança, criar expectativas positivas torna-se urgente.
Mas, no dia-a-dia, os problemas tomam formas concretas como o desemprego e, nalguns casos, há fome. Juntam-se a isto outros problemas: dificuldade de acesso ao dinheiro, qualificações profissionais ultrapassadas diminuindo a empregabilidade dos desempregados, dificuldades em iniciar nova actividade produtiva. Ora, os impactos do que vai acontecendo de menos bom na economia são bem visíveis ao nível local e, por isso, é necessário que a este nível não se possa ficar de braços caídos:
a) Na Região/no concelho é necessário que continuem, se desenvolvam e, eventualmente, coordenem as acções de solidariedade;
b) Na Região/no concelho é necessário que alguém estimule o consumo (“consuma na Região”) e promova as pequenas produções locais que podem representar, no curto prazo, actividades de sobrevivência e, no futuro, integrar actividades de sucesso económico;
c) Na Região/no concelho é necessário que alguém prepare o futuro:
- dote as pessoas de outras qualificações que possam vir a ser úteis no futuro próximo;
- promova a Região como lugar de consumo e como lugar de investimento;
- apoie a iniciativa para o auto-emprego e a criação do pequeno negocio, ao nível da freguesia e do município.

Algumas coisas que deve saber sobre Portugal como destino turístico…

Sabia que o Turismo de Portugal venceu o World Travel Awards 2008 - também conhecidos por “Óscares do Turismo” - na categoria de melhor Organismo Oficial de Turismo Europeu (Europe’s Leading Tourist Board)?
A eleição que distinguiu o Turismo de Portugal surgiu como resultado de uma votação em que participaram 167 mil profissionais do sector do Turismo, oriundos de mais de 190 países. Os restantes nomeados para a categoria foram os organismos oficiais de França, Alemanha, Grécia, Espanha, Itália, Turquia e Reino Unido.
Esta não foi a primeira vez que Portugal recebeu um Óscar do Turismo, também em 2008 o Resort Vila Joya na Praia da Galé (Algarve) foi distinguido pelo terceiro ano consecutivo como o melhor Resort Boutique do Mundo (World’s Leading Boutique Resort), prémio que em 2006 acumulou com o de melhor Hotel Boutique da Europa (Europe´s Leading Boutique Hotel).
Outro dos felizes contemplados foi o Hotel Quinta da Bela Vista, no Funchal (Madeira), que em 2007 recebeu o Óscar de melhor Hotel Boutique da Europa (Europe´s Leading Boutique Hotel).
Os World Travel Awards começaram a ser atribuídos em 1993, reconhecendo o trabalho desenvolvido na área da indústria turística a nível global. A selecção dos nomeados é realizada à escala mundial por milhares de profissionais do sector, que todos os anos escolhem os seus favoritos.

domingo, 8 de março de 2009

Economia para todos

Foi recentemente publicado pela Oficina do Livro a obra “Economia para Todos”(*), de David A. Moss, professor da Harvard Business School. Trata-se de uma edição dedicada, em termos simples, aos fundamentos da macroeconomia. E, nessa medida, é um grande exemplo de como é possível falar de coisas aparentemente difíceis de uma forma acessível a todos. Este livro, como é referido pelo autor, resulta dos apontamentos das suas aulas de macroeconomia naquela que é uma das mais importantes universidades norte-americanas, em particular no domínio do ensino da gestão.
Em apenas 200 páginas, o leitor fica a entender, sem necessitar de recursos ou de conhecimentos prévios especiais, o funcionamento da economia, o significado e as relações entre variáveis macroeconómicas como a inflação e as taxas de juro, o papel das poupanças e do investimento, ou os efeitos da dívida externa, o cálculo do PIB ou os débitos e os créditos da balança de pagamentos, etc. Nos tempos que correm, vale a pena ler sobre as “causas das reviravoltas económicas (recessões e depressões)” mas também sobre as fontes do crescimento económico, vale a pena entender a relação entre o que se produz e as pensões que se pagam e como é importante que a produtividade cresça para que (entre outras coisas) o valor das pensões não tenha de diminuir.
(*) Obra donde foi retirada a citação de Keynes que está na base do título deste blogue.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Somos cada vez mais inovadores

Foi recentemente publicado o European Innovation Scoreboard 2008 (http://www.proinno-europe.eu/metrics), uma análise comparativa do desempenho em inovação do conjunto dos países da UE. Da leitura deste relatório, e no que diz respeito a Portugal, pode concluir-se o seguinte:
a) Em termos globais, Portugal faz parte de um grupo de 10 países, com Chipre, Estónia, Islândia, Rep. Checa, Grécia, Itália, Noruega, Eslovénia e Espanha, que são considerados Inovadores Moderados e que têm um desempenho imediatamente abaixo da média da UE27 (os líderes em inovação são a Dinamarca, Finlândia, Suécia, Suíça e UK);
b) No entanto, a taxa de crescimento anual do desempenho em inovação por parte de Portugal (4,6%), nos últimos cinco anos, é muito superior à média da UE27 (2,2%) e faz do nosso pais, no grupo dos Moderados, o segundo com maior taxa de crescimento anual (a seguir ao Chipre).
Embora o desempenho de Portugal ainda esteja abaixo da média da UE, a verdade é que tem evidenciado, em alguns dos indicadores utilizados, taxas de crescimento bem acima da média europeia. Neste aspecto, Portugal destaca-se particularmente na evolução de Recursos Humanos altamente qualificados e na formação da população, em que o nosso pais aparece como líder do conjunto dos países da UE27. Outros motores da melhoria do desempenho em inovação, segundo o mesmo Relatório, foram principalmente a disponibilidade de financiamento e de apoio do estado aos projectos inovadores, o investimento das empresas em inovação e os direitos sobre propriedade intelectual, patentes, etc.

Desafios

O diagnóstico está feito. Conhecem-se as razões fundamentais que estão na origem da situação que actualmente afecta a actividade económica mundial e cuja desaceleração está a afectar negativamente as empresas, o emprego e a vida das famílias.

Deixemos os lamentos para as “carpideiras” e a regulação do sistema financeiro para as autoridades competentes, de quem se espera firmeza na tomada de decisões e rapidez na acção. O que agora importa é encontrar respostas positivas e dar passos decisivos no sentido da sua resolução.

Concentremo-nos naquilo que está ao alcance de cada um de nós e, mais do que isso, é nosso dever fazer enquanto cidadãos conscientes e responsáveis. Podem ser “pequenos gestos” a constituir “grandes atitudes”. Seja, por exemplo:

  • A utilização mais racional dos recursos, com especial destaque para os não renováveis;
  • A moderação nos consumos e sua orientação preferencial para produtos e serviços que se produzam na nossa Região;
  • O aumento da produtividade, fazendo bem à primeira.

Para além do mais, não percamos a visão a longo prazo e, independentemente de outras acções, preparemo-nos o melhor que pudermos para enfrentar os desafios do futuro, desenvolvendo as nossas competências através da formação ao longo da vida.

Samuel Barros

sfbarros@gmail.com

Vamos aplicar 0,5% do nosso IRS em instituições da Região

A entrega da declaração de IRS (1.ª FASE – em papel até ao dia 16 de Março e pela internet até ao dia 15 de Abril; 2.ª FASE – em papel até ao dia 15 de Abril e pela internet até ao dia 25 de Maio) é o momento ideal para nos associarmos a instituições de solidariedade social, nas mais diversas áreas: apoio social, humanitário, saúde, alimentação, educação, na construção de uma sociedade mais solidária.

Para o fazer, não teremos de gastar um único cêntimo. Qualquer pessoa pode optar por aplicar 0,5% do valor do seu IRS que fica para o Estado, em benefício daquelas instituições. Note-se que o imposto que tivermos de pagar ou receber será exactamente o mesmo, simplesmente, da parte que nos é retirada e que nunca será recebida por nós, passará a ir “apenas” 99,5% para o Estado. Se indicarmos expressamente na nossa declaração de IRS, o Estado prescindirá de receber os restantes 0,5% do nosso IRS, entregando-os à instituição de solidariedade escolhida por nós.

Para entregarmos uma parte do nosso imposto, devemos, ao preencher ou ao pedir para preencherem os impressos para o nosso IRS, procurar o Quadro 9 do Anexo H. Neste quadro, ao fornecermos o Número de Identificação de Pessoa Colectiva da instituição que pretendemos ajudar, determinamos que 0,5% do valor do IRS que fica com o Estado seja entregue à causa que escolhermos.

Não desperdicemos este nosso “poder de decisão”, aplique bem a sua “parte” do IRS! Não guarde esta informação só para si, divulgue-a se faz favor!

Fernando Amaro

amaro.estv@gmail.com


terça-feira, 3 de março de 2009

Clareza no pensamento

Em 1933, o economista Keynes escrevia em resposta à crise em que o mundo se encontrava mergulhado: “Se a nossa pobreza fosse devida a um tremor de terra, à fome ou à guerra, se tivéssemos falta de bens materiais ou de recursos para os produzir, apenas poderíamos encontrar o caminho para a prosperidade no trabalho duro, na abstinência e na invenção. Na realidade, o nosso problema é outro. Surge de alguma falha nos mecanismos não tangíveis da mente (...). Nada (...) nos valerá, excepto um pouco de clareza no pensamento”. Keynes referia-se à importância de uma falha quanto às expectativas criadas em torno da economia. Para a combater, apelava à “clareza no pensamento”.

Sabemos que a crise de hoje foi precedida por outras, do petróleo, dos bens alimentares e, particularmente, do sistema financeiro. Tudo isto terá toldado as nossas expectativas e tornámo-nos pessimistas. Deixámos de consumir, com receio do amanhã, em consequência baixaram o investimento e a produção e o desemprego disparou. Se é certo que muito terá de ser feito no sentido de corrigir os erros, em especial no sistema financeiro mundial, a verdade é que precisamos urgentemente de “clareza no pensamento”. Para o efeito, um grupo de docentes do Departamento de Gestão da Escola Superior de Tecnologia de Viseu propõe-se contribuir regularmente com pequenos artigos, já publicados nos jornais que são nossos parceiros nesta iniciativa, para que uma maior clareza do pensamento possa guiar a nossa acção. Esta colaboração inicia-se hoje com um artigo sobre fiscalidade. Outros se seguirão sobre economia, empreendedorismo, finanças, turismo, etc. Para além desta intervenção, está prevista ainda a colaboração com as rádios regionais, em moldes que brevemente serão anunciados.

A edição deste blogue, "Clareza no Pensamento", pretende ser uma acção complementar, naturalmente menos limitada, provavelmente mais irregular mas, espera-se, mais viva. Não se trata de um espaço de intervenção política, em sentido restrito, mas tão só de afirmação de um direito e de um dever de cidadania. Acima de tudo, pretendemos ser afirmativos e, se possível, úteis (mesmo no sentido de utilitário). Mais do que fazermos avaliações do passado e do presente, pretendemos colocar os olhos - e os posts! - no futuro.

Clareza no Pensamento