sexta-feira, 29 de maio de 2009

A queda dos preços

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal registou em Março de 2009 uma variação de -0,4%, em termos homólogos, do Índice de Preços no Consumidor (IPC). Em Abril a redução dos preços foi ainda mais acentuada (-0,5%). Estes valores são historicamente baixos (resultados similares remontam aos anos 60). Começa a falar-se em deflação e nos seus perigos potenciais. Convém, por isso, procurar clarificar aqueles números.

Como se mede a variação dos preços (inflação)?

A inflação avalia-se através do IPC, que é um indicador que mede a evolução, em termos relativos, do custo de um conjunto de bens e serviços (cabaz), considerado representativo da estrutura de consumo das famílias. Em Portugal o cabaz engloba mais de 1100 bens e serviços, repartidos por 12 classes.

E o que é a taxa de variação homóloga?

A taxa de variação homóloga do IPC, medida para um determinado mês, compara o IPC desse mês com o IPC registado no mesmo mês do ano anterior. Assim, o valor de -0,4% verificado em Março de 2009, obtém-se pela comparação do IPC desse mês (99,5) com o valor de 99,9 registado pelo IPC em Março de 2008 [(99,5-99,9)/99,9 x 100 = -0,4%].

Estaremos, então, em deflação?

Por oposição a inflação, a deflação corresponde a uma redução geral, ou abrangente, dos preços dos bens e serviços ao longo de um período de tempo prolongado. Ora não foi exactamente isso que se passou.
O IPC é um indicador da variação dos preços mas em termos médios, podendo os preços dos vários bens e serviços evoluir de formas diversas. E foi o que aconteceu. Tomando Abril como referência, entre Abril de 2008 e Abril de 2009 verificou-se uma queda (em média) considerável nos preços da classe 7 (Transportes), reflectindo sobretudo a significativa redução ocorrida nos preços dos combustíveis. Os preços de outras classes também caíram (em média), como os da classe 1 (Produtos alimentares e bebidas não alcoólicas) e da classe 9 (Lazer, recreação e cultura), mas em muito menor dimensão. Em contrapartida, os preços dos bens e serviços de outras classes aumentaram, em média, como, por exemplo, os das classes 4 (Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis ) e 11 (Restaurantes e hotéis).
Como a variação homóloga em Abril de 2009 foi de -0,5%, isto significa que a redução verificada, em média, nos preços de algumas classes, superou o acréscimo registado, em média, noutras classes.
Não se trata ainda, pois, e para já, de uma queda generalizada dos preços dos bens e serviços. Não deixa de ser, no entanto, uma situação anormal (a qual resulta certamente, em larga medida, da actual conjuntura económica, com uma manifesta crise de procura) que merece toda a atenção. É que um eventual fenómeno de deflação comporta perigos que é fundamental evitar.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ser Solidário

Em tempos de crise, ainda há quem se preocupe com os outros… nesse sentido um grupo de alunos do Curso de Turismo da Escola Superior de Tecnologia de Viseu (ESTV), do Instituto Politécnico de Viseu, mostra o seu espírito de iniciativa na organização de um evento de solidariedade social, cujos fundos revertem na íntegra para ajudar os alunos provenientes dos PALOP, que neste momento enfrentam graves problemas financeiros que colocam em risco a continuação dos seus estudos e permanência na cidade de Viseu.
O Evento apelidado de “1º Encontro de Culturas da ESTV” pretende juntar no mesmo espaço sabores e saberes de diferentes países, tendo sido escolhido para esta acção o dia 25 de Maio de 2009 (Dia de África). Do interessante programa destacamos um Jantar de Solidariedade confeccionado pelos próprios alunos e onde os participantes têm oportunidade de provar pratos típicos de Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. De referir, ainda, um desfile de Moda Etnográfico, onde por momentos professores e alunos desfilam com trajes típicos dos países já referidos.
Este é um excelente exemplo de união entre alunos, professores, discentes, familiares e amigos da ESTV, na tentativa de angariar fundos para que os alunos provenientes dos PALOP possam prosseguir com os seus estudos.
Esta meritória acção colhe do grupo Clareza no Pensamento todo o carinho e envolvimento pessoal.
Mas esta não é a primeira vez que docentes, discentes e alunos da ESTV participam em iniciativas deste género. De alguns anos a esta parte que na Escola Superior de Tecnologia de Viseu docentes e discentes de vários departamentos apoiam alunos, que por alguma razão, necessitam de ajuda. Ao longo do ano lectivo são realizadas várias acções pontuais com o objectivo de angariar fundos, estes têm servido essencialmente para ajudar os alunos que, manifestamente, sentem dificuldades.
A ESTV é um excelente exemplo de como uma organização pode recorrer aos seus recursos internos e desenvolver iniciativas solidárias, que dentro das suas possibilidades, lhe tem permitido ajudar os que lhe são mais próximos e quem nela acredita!


Cristina Barroco
Madalena Malva

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O homem mais rico da Babilónia

A nossa prosperidade enquanto nação depende da prosperidade financeira de cada indivíduo. A presente obra trata do sucesso que cada um de nós poderá vir a alcançar. Sucesso é sinónimo de realizações decorrentes dos nossos próprios esforços e aptidões. Uma preparação adequada é a chave do sucesso. Os nossos actos têm de ser tão sábios quanto os nossos pensamentos. O nosso modo de pensar tem de ser tão sábio quanto o nosso discernimento.
Assim se apresenta esta obra que, como diz o autor, “aponta soluções para carteiras magras”. Não é mais um livro por causa da crise actual, trata-se de uma obra escrita em 1926 por George S. Clason, homem de negócios e escritor norte-americano. O livro, escrito em linguagem simples, é constituído por um conjunto de parábolas cuja acção se passa na antiga Babilónia. O ponto de partida é a história de um homem que quis tornar-se rico e alcançou o seu objectivo. O próprio Rei, reconhecendo o mérito da sua acção, convidou-o para ensinar a sua arte, a que ele acedeu.
Ao longo do livro, em pequenas histórias, são apresentadas “sete soluções para carteiras vazias”, ou as “cinco leis do ouro”, aconselha como é possível atrair a boa sorte se aproveitarmos as oportunidades ou como é preferível alguma cautela a muito arrependimento e ilustra a importância de garantirmos segurança, nossa e dos nossos activos, e de sermos determinados para encontrarmos uma solução para os problemas. Em suma, ainda um livro útil, ao fim de quase um século!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A consolidação de créditos

No âmbito da actual crise económico-financeira, a figura da consolidação de créditos tende a ser utilizada como um meio privilegiado para fazer baixar os encargos mensais do agregado familiar com créditos bancários. Contudo, atenção! Esta medida apresenta alguns efeitos “perversos”, apenas sendo aconselhada em situações de grande “aperto” financeiro.
O que é a consolidação de créditos?
A consolidação de créditos traduz um procedimento que permite juntar num só crédito os montantes em dívida de diversos créditos. Normalmente, o crédito à habitação constitui o crédito com prazo mais longo e, como tal, aquele que apresenta a taxa de juro mais baixa. Deste modo, o procedimento mais frequente é associar os restantes créditos (crédito automóvel, crédito pessoal, crédito para mobiliário, crédito para férias, etc.) no crédito à habitação, ficando o imóvel como garantia do crédito consolidado.
Um exemplo prático
Suponhamos que um agregado familiar apresenta actualmente os seguintes créditos:
Actualmente este agregado familiar apresenta um capital em dívida de 135.000 euros e paga um montante total de 1.281,79 euros ao mês com os seus créditos bancários. Imaginemos que este agregado familiar opta pela consolidação dos seus créditos, nas seguintes condições:

Os prós e contras da consolidação de créditos
Tal como o exemplo prático evidencia, a grande vantagem da consolidação de créditos é a redução da prestação mensal da totalidade dos créditos (neste caso, uma redução de cerca de 59%). Desde logo a redução da prestação mensal se explica pelo facto de que, após a consolidação de créditos, todos os créditos estão a pagar juros à taxa mais baixa – a do crédito à habitação (eventualmente acrescida de algumas décimas de percentagem). Contudo, a principal razão da redução da prestação (que, curiosamente, acaba por explicar também o principal inconveniente da consolidação de créditos) é a transformação de créditos de curto/médio prazo num crédito de longo prazo. De facto, se antes este agregado familiar tinha que pagar o seu crédito automóvel em 5 anos, o seu crédito para o mobiliário em 4 anos e o seu crédito pessoal em 2 anos, agora terá que os pagar em 30 anos! Naturalmente que se aumentamos o prazo de um crédito, a respectiva prestação mensal tende a baixar.
O “reverso da medalha” da transformação de créditos de curto/médio prazo em créditos de longo prazo é o aumento significativo dos juros totais associados. De facto, este agregado familiar teria que pagar, antes da consolidação de créditos, aproximadamente um montante global de 47.651 euros relativos a juros (e imposto do selo). Após a consolidação de créditos, terá que pagar 55.062 euros de juros totais (um aumento de cerca de 16%).

Os custos com a consolidação de créditos
Um outro aspecto a ter em conta são os custos que a consolidação de créditos pode acarretar, nomeadamente: penalização por liquidação antecipada dos empréstimos em curso, os custos envolvidos no processo do novo empréstimo, a eventual avaliação do imóvel para hipoteca (no caso desta ter ocorrido há vários anos atrás), a escritura da nova hipoteca, etc..

Conclusão
A consolidação de créditos constitui um procedimento benéfico no curto prazo, na medida em que permite um ganho de liquidez, resultante da diminuição do encargo mensal com a totalidade dos créditos. Contudo, devido ao aumento significativo dos juros totais e aos custos que acarreta, a consolidação de créditos traduz uma solução apenas aconselhável em situações de grande “aperto” financeiro.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Leais, Imparciais & Liberais

José Manuel Moreira, autor deste livro de crónicas, é professor da Universidade de Aveiro, com formação em economia, filosofia e ciência politica, e é o único português membro da The Mont Pelerin Society, uma agremiação que reúne personalidades diversas em defesa do liberalismo clássico.
Numa época em que o papel do Estado na economia e na sociedade parece ganhar fôlego nas exigências dos sindicatos e da população, no pensamento dos intelectuais e na acção dos políticos, é bom não perdermos a capacidade de pensarmos e agirmos como homens livres. A leitura destas crónicas é um bom exercício que nos permite manter a mente desperta, independentemente do posicionamento ideológico ou filosófico de cada um.
Aliás, o livro vem-nos lembrar que “Portugal tem sido ultrapassado por muitos países de Leste cuja juventude leu Mises e Hayek, em vez de Marx, Lenine e Mao”. A esta observação não podemos deixar de juntar uma outra, talvez mais simples e com um pressuposto não sei se mais grave: “Portugal tem sido ultrapassado por muitos países de Leste cuja juventude leu”.

Poupe no IRS com as despesas de educação!

As despesas de educação, que pesam bastante no orçamento familiar, podem ser usadas para pagar menos IRS ou para aumentar o seu reembolso, devendo, para isso, serem sempre com¬provadas por facturas ou recibos.
O que são consideradas despesas de educação?
São aceites os encargos com inscrições, propinas e mensalidades em creches, lactários, jardins-de-infância ou estabelecimentos equi¬parados e escolas do ensino básico, secundário ou supe¬rior (incluindo mestrados e doutoramentos), públicas ou privadas, desde que integradas no Sistema Nacional de Educação; livros escolares e material essencial para a actividade escolar (cadernos, canetas, lápis, etc.); despesas com explicações para qualquer grau de ensi¬no (recibo do explicador); despesas com computadores, enciclopédias, diciopé¬dias e instrumentos musicais, quando usados na activi¬dade escolar ou em estabelecimentos reconhecidos pelo Ministério da Educação (quando utilizados fora da actividade escolar, não são aceites). Não serão aceites as despesas com amas, excepto se legalizadas e passa¬rem recibo verde; despesas com estágios e participação em congressos; as despesas de educação até ao montante do reembolso efectuado no ano em causa no âmbito de um Plano Poupança-Educação.
E as actividades extra curriculares?
Os encargos com actividades como a música, teatro, línguas, informática, só serão aceites se as entidades que as ensinem estiverem integradas ou forem reconhecidos como tendo fins semelhantes aos das escolas do Sistema Nacional de Educação (para saber se faz parte do Sistema Nacional, consulte http://roteiro.min-edu.pt).
E quem estuda fora da sua área de residência?
O alojamento, deslocações e alimentação de estudantes deslocados serão considerados despesas de educação desde que devidamente comprovadas e documentadas (por exemplo, em instala¬ção da faculdade ou residencial para estudantes). São também aceites, os encargos com o arrendamento de um quarto ou apar¬tamento e a alimentação em restaurantes, se forem realizados na área onde se encontra a estudar e esta não for a da sua residência normal; as despesas de deslocação da residência habitual para o local onde se encontra a estudar (bilhetes de autocarro, comboio). Contudo, as despesas com combustível efectuadas em carro próprio nas deslocações para o local de estudos não são aceites.
No caso de pais divorciados…
Quem obteve a tutela do estudante é que poderá deduzir despesas com educação, devendo os documentos estarem emitidos em seu nome ou do estudante. Quando a tutela é conjunta, terão de ser os pais a definir a qual dos dois agregados o estudante pertencerá para efeitos de IRS.
Fernando Amaro

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cartões de crédito: serão assim tão maus?

Não necessariamente. O cartão de crédito é um instrumento com vantagens e inconvenientes. Ele não é “mau” por si mesmo; a utilização que se lhe dá é que pode ser “má”.

Quais são as principais vantagens associadas à utilização do cartão de crédito?

Antes de mais convém referir que há inúmeros cartões de crédito: bancários, de lojas, supermercados, gasolineiras, até clubes de futebol. É, pois, compreensível que eles tenham características muito diversificadas. Mesmo fixando-nos nos cartões de crédito bancários, a sua diversidade é enorme. No entanto, de um modo geral, podem referir-se duas vantagens mais significativas: a existência de um crédito sem juros durante algum tempo (normalmente, entre 20 e 50 dias) e a atribuição de descontos, geralmente sob a forma de vales rebatíveis em lojas ou cadeias específicas, variáveis de cartão para cartão.

E os principais inconvenientes?

São sobretudo a cobrança de uma anuidade, variável, mas que pode chegar às dezenas de euros e a cobrança de juros (normalmente muito elevados!) se o montante utilizado não for pago na sua totalidade na data-limite fixada para esse efeito.

Alguns conselhos

Desde logo, ter apenas um cartão de crédito, o qual deve ser correctamente escolhido, tendo em conta, nomeadamente, a anuidade e os descontos associados. Depois (muito importante!), efectuar o pagamento da totalidade do montante utilizado na referida data-limite, por forma a não pagar juros (que, como se disse, são muito elevados). É ainda recomendável registar os movimentos do cartão como se o pagamento tivesse sido efectuado a dinheiro (ou manter um registo específico desses movimentos). Isto ajuda a interiorizar que pagar com o cartão é, no fundo, o mesmo que pagar com dinheiro. Por fim, utilizar o cartão de forma racional, nomeadamente não alterando hábitos de consumo. Acima de tudo, não esquecer que a utilização do cartão de crédito como forma de financiamento (para além do prazo de crédito sem juros) é normalmente muito cara.

Conclusão?...

Como em muitos outros casos, não é tanto o produto, em si, que é mau. O uso que se faz dele é que o pode ser.

E já agora...

Importa recriminar algumas práticas nada éticas de alguns bancos. Tivemos conhecimento há dias de uma instituição financeira que está a contactar telefonicamente os seus clientes para que, por defeito, optem por pagar apenas 5% do montante utilizado em cada mês. O que isto significa, na prática, é que o cliente fica a pagar juros (elevadíssimos!) sobre os 95% restantes. Atendendo à dramática iliteracia financeira do português médio, práticas como esta são, para dizer o mínimo, imorais.