sexta-feira, 15 de maio de 2009

A consolidação de créditos

No âmbito da actual crise económico-financeira, a figura da consolidação de créditos tende a ser utilizada como um meio privilegiado para fazer baixar os encargos mensais do agregado familiar com créditos bancários. Contudo, atenção! Esta medida apresenta alguns efeitos “perversos”, apenas sendo aconselhada em situações de grande “aperto” financeiro.
O que é a consolidação de créditos?
A consolidação de créditos traduz um procedimento que permite juntar num só crédito os montantes em dívida de diversos créditos. Normalmente, o crédito à habitação constitui o crédito com prazo mais longo e, como tal, aquele que apresenta a taxa de juro mais baixa. Deste modo, o procedimento mais frequente é associar os restantes créditos (crédito automóvel, crédito pessoal, crédito para mobiliário, crédito para férias, etc.) no crédito à habitação, ficando o imóvel como garantia do crédito consolidado.
Um exemplo prático
Suponhamos que um agregado familiar apresenta actualmente os seguintes créditos:
Actualmente este agregado familiar apresenta um capital em dívida de 135.000 euros e paga um montante total de 1.281,79 euros ao mês com os seus créditos bancários. Imaginemos que este agregado familiar opta pela consolidação dos seus créditos, nas seguintes condições:

Os prós e contras da consolidação de créditos
Tal como o exemplo prático evidencia, a grande vantagem da consolidação de créditos é a redução da prestação mensal da totalidade dos créditos (neste caso, uma redução de cerca de 59%). Desde logo a redução da prestação mensal se explica pelo facto de que, após a consolidação de créditos, todos os créditos estão a pagar juros à taxa mais baixa – a do crédito à habitação (eventualmente acrescida de algumas décimas de percentagem). Contudo, a principal razão da redução da prestação (que, curiosamente, acaba por explicar também o principal inconveniente da consolidação de créditos) é a transformação de créditos de curto/médio prazo num crédito de longo prazo. De facto, se antes este agregado familiar tinha que pagar o seu crédito automóvel em 5 anos, o seu crédito para o mobiliário em 4 anos e o seu crédito pessoal em 2 anos, agora terá que os pagar em 30 anos! Naturalmente que se aumentamos o prazo de um crédito, a respectiva prestação mensal tende a baixar.
O “reverso da medalha” da transformação de créditos de curto/médio prazo em créditos de longo prazo é o aumento significativo dos juros totais associados. De facto, este agregado familiar teria que pagar, antes da consolidação de créditos, aproximadamente um montante global de 47.651 euros relativos a juros (e imposto do selo). Após a consolidação de créditos, terá que pagar 55.062 euros de juros totais (um aumento de cerca de 16%).

Os custos com a consolidação de créditos
Um outro aspecto a ter em conta são os custos que a consolidação de créditos pode acarretar, nomeadamente: penalização por liquidação antecipada dos empréstimos em curso, os custos envolvidos no processo do novo empréstimo, a eventual avaliação do imóvel para hipoteca (no caso desta ter ocorrido há vários anos atrás), a escritura da nova hipoteca, etc..

Conclusão
A consolidação de créditos constitui um procedimento benéfico no curto prazo, na medida em que permite um ganho de liquidez, resultante da diminuição do encargo mensal com a totalidade dos créditos. Contudo, devido ao aumento significativo dos juros totais e aos custos que acarreta, a consolidação de créditos traduz uma solução apenas aconselhável em situações de grande “aperto” financeiro.

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