A consolidação de créditos traduz um procedimento que permite juntar num só crédito os montantes em dívida de diversos créditos. Normalmente, o crédito à habitação constitui o crédito com prazo mais longo e, como tal, aquele que apresenta a taxa de juro mais baixa. Deste modo, o procedimento mais frequente é associar os restantes créditos (crédito automóvel, crédito pessoal, crédito para mobiliário, crédito para férias, etc.) no crédito à habitação, ficando o imóvel como garantia do crédito consolidado.
Suponhamos que um agregado familiar apresenta actualmente os seguintes créditos:
Os prós e contras da consolidação de créditos
Tal como o exemplo prático evidencia, a grande vantagem da consolidação de créditos é a redução da prestação mensal da totalidade dos créditos (neste caso, uma redução de cerca de 59%). Desde logo a redução da prestação mensal se explica pelo facto de que, após a consolidação de créditos, todos os créditos estão a pagar juros à taxa mais baixa – a do crédito à habitação (eventualmente acrescida de algumas décimas de percentagem). Contudo, a principal razão da redução da prestação (que, curiosamente, acaba por explicar também o principal inconveniente da consolidação de créditos) é a transformação de créditos de curto/médio prazo num crédito de longo prazo. De facto, se antes este agregado familiar tinha que pagar o seu crédito automóvel em 5 anos, o seu crédito para o mobiliário em 4 anos e o seu crédito pessoal em 2 anos, agora terá que os pagar em 30 anos! Naturalmente que se aumentamos o prazo de um crédito, a respectiva prestação mensal tende a baixar.
O “reverso da medalha” da transformação de créditos de curto/médio prazo em créditos de longo prazo é o aumento significativo dos juros totais associados. De facto, este agregado familiar teria que pagar, antes da consolidação de créditos, aproximadamente um montante global de 47.651 euros relativos a juros (e imposto do selo). Após a consolidação de créditos, terá que pagar 55.062 euros de juros totais (um aumento de cerca de 16%).
Os custos com a consolidação de créditos
Um outro aspecto a ter em conta são os custos que a consolidação de créditos pode acarretar, nomeadamente: penalização por liquidação antecipada dos empréstimos em curso, os custos envolvidos no processo do novo empréstimo, a eventual avaliação do imóvel para hipoteca (no caso desta ter ocorrido há vários anos atrás), a escritura da nova hipoteca, etc..
Conclusão
A consolidação de créditos constitui um procedimento benéfico no curto prazo, na medida em que permite um ganho de liquidez, resultante da diminuição do encargo mensal com a totalidade dos créditos. Contudo, devido ao aumento significativo dos juros totais e aos custos que acarreta, a consolidação de créditos traduz uma solução apenas aconselhável em situações de grande “aperto” financeiro.
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