quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ainda a questão da literacia financeira...

No actual cenário de crise económico-financeiro e numa altura em que nos preparamos para “sentir na pele” os efeitos das medidas de austeridade aprovadas pelo estado português, torna-se ainda mais importante destacar aspectos, acontecimentos, eventos, etc., que possam ajudar o cidadão comum a enfrentar os tempos difíceis (ou melhor, ainda mais difíceis) que se avizinham num futuro próximo.
Neste contexto, queria deixar aqui uma breve referência a um projecto que, apesar de não constituir uma novidade, talvez nos possa vir a ser útil. Trata-se do projecto “Dolceta”. O objectivo deste projecto, que é apoiado pela Comissão Europeia, é informar os cidadãos sobre os seus direitos, nas mais diversas áreas, de modo a ajudar a prepará-los para tomar decisões conscientes e adequadas no seu dia-a-dia.
O “Dolceta” constitui então um sítio electrónico de educação do consumidor (http://www.dolceta.eu), com versões escritas em 21 idiomas para os 27 países da União Europeia (onde, naturalmente, se inclui o português). Apresenta informação numa linguagem acessível, na forma de artigos, material didáctico, possuindo também ferramentas e testes interactivos para testar os conhecimentos do cibernauta. Neste sítio electrónico podemos encontrar informações sobre: direitos dos consumidores, serviços financeiros, segurança dos produtos, consumo sustentável e serviços de interesse geral (electricidade, gás, transportes, etc.).
Todavia, este sítio electrónico não se encontra apenas vocacionado para o cidadão consumidor. Poderá também ser útil para organizações de consumidores, ONG’s (organizações não governamentais) e PME’s (Micro, Pequenas e Médias Empresas), na medida em que poderá constituir uma ferramenta de referência para trabalhar com clientes e funcionários. Além disso, poderá ser de especial utilidade para professores e formadores (sobretudo para professores dos ensinos básico, secundário e de educação de adultos), já que se poderão encontrar (numa área criada exclusivamente para o efeito) propostas de planos de aula, fichas, materiais de apoio, ferramentas, questionários, jogos, etc., que poderão ser utilizados em diversas áreas curriculares (economia, matemática, finanças, formação cívica, …).
Em suma, de modo a enfrentarmos os tempos difíceis que se avizinham, todas as ajudas são bem-vindas. Todavia, talvez uma das melhores ajudas que poderemos dar a nós próprios é mantermo-nos informados, “educados” nos mais diversos domínios, de modo a tomarmos decisões ponderadas, conscientes e adequadas no nosso quotidiano. O ideal mesmo seria não só realizarmos essa tarefa, mas também divulgar esta mensagem aos nossos filhos, aos nossos amigos, aos nossos colegas de trabalho e, obviamente, no caso dos professores e formadores, aos alunos. Tal como diz um muito acertado provérbio chinês: “melhor do que dar um peixe, é ensinar a pescar”…

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Contabilidade – o que é e para que serve? Parte I

A Contabilidade está ligada às primeiras manifestações humanas. Surge da necessidade do homem controlar os seus pertences, o seu património. Ao longo dos tempos, a contabilidade passou por várias fases evolutivas: desde os rudimentares registos encontrados nas paredes das cavernas até à actualidade, considerada um ramo das ciências sociais.

Surgiu da necessidade de afirmação social do homem, da sua protecção à posse, perpetuação e interpretação dos factos ocorridos, com o objectivo de alcançar os fins a que se propôs.

Segundo historiadores e pesquisadores arqueológicos, já os incas, os gregos, os fenícios, os romanos, os egípcios, cada um, de acordo com o seu tempo, época e à sua maneira, usavam princípios e normas conducentes ao controlo dos orçamentos e à arrecadação de impostos, incluindo a escrituração em livros próprios. Estes princípios e normas foram a origem dos actuais princípios contabilísticos geralmente aceites, que não são mais que normas de aplicação generalizada que extravasam a aplicação da lei e que incluem as normas de comportamento ético e deontológico.

Já na época do feudalismo, os grandes senhores feudais, proprietários de grandes terras, praticavam uma espécie de “contabilidade familiar”, como mero passatempo. Exerciam um controlo fiel das suas terras arrendadas aos colonos, das colheitas e até dos objectos de uso pessoal, como pratas, adornos e utensílios domésticos.

Todos estes registos eram efectuados como escrita natural ou simples apontamentos, sem a preocupação científica de se estabelecer uma relação entre DÉBITOS (bens e direitos; e diminuições de obrigações) e CRÉDITOS (obrigações; e diminuições de bens e direitos).

O pensamento contabilístico desenvolveu-se durante a Idade Média até ao surgimento, em 1494, do Tractatus de Computis et Scripturis Scripturis (Contabilidade, princípio das partidas dobradas), de Frei Luca Pacioli. Apesar da sua evolução ao longo dos tempos, hoje ainda se faz a Contabilidade usando o princípio das “partidas dobradas” – o total dos valores registados a DÉBITO é igual ao total dos valores registados a CRÉDITO.

A Contabilidade é uma ciência social e tem por objecto o Património. Através de uma metodologia própria, gera informações quantitativas e qualitativas sobre determinada entidade, expressas em termos físicos e monetários. Trata-se de um sistema de recolha, classificação, interpretação e divulgação de dados económicos, financeiros e monetários.

A informação contabilística pode expressar-se de diversas formas: registos permanentes e sistemáticos de factos patrimoniais, devidamente documentados, contas correntes, balancetes, listagens, notas explicativas, mapas, gráficos, pareceres, relatórios de diagnóstico e de prognóstico, descrições críticas e qualquer outro meio analítico e comparativo, quer sejam ou não exigidos pela legislação vigente. Cada Entidade deve providenciar a informação adequada às suas próprias necessidades de gestão.

As informações geradas pela Contabilidade levam à compreensão do estado real em que se encontra a Entidade, do seu desempenho, da sua evolução, permitindo uma visão dos seus riscos e oportunidades.

É esta visão, ao mesmo tempo global e particular, que fornece aos diferentes utentes uma base segura (porque elaborada a partir de normas obrigatórias) para a sua tomada de decisão: investidores, empregados, financiadores (incluindo a banca), fornecedores, clientes, Estado e o público em geral. Hoje é mais fácil ter acesso à informação de qualquer Entidade através da Informação Empresarial Simplificada (IES).

Para satisfazer as necessidades comuns dos diferentes utentes, e tendo em conta que os seus interesses nem sempre são coincidentes, a informação contabilística deve reflectir a imagem verdadeira e apropriada da Entidade, não privilegiando deliberadamente os interesses de nenhum deles, individualmente ou de grupo.

A contabilidade apenas regista factos, não os cria.

A contabilidade não gere as entidades, no entanto permite extrair informação útil e atempada, indispensável à tomada de decisão de qualquer gestor, seja qual for a dimensão da Entidade. É, pois, um instrumento de gestão indispensável para qualquer organização.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ainda a propósito de literacia financeira… e não só.

Estará o ensino secundário a preparar jovens adultos para o exercício de aspectos básicos de cidadania?

Há dias tive conhecimento de um inquérito realizado em Setembro do ano passado na Universidade de Aveiro (UA) no âmbito do PmatE (Projecto Matemática Ensino) cujos resultados merecem alguma reflexão. Aos alunos que então ingressaram na UA e no ISCAA (Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Aveiro) foi solicitado que respondessem a algumas questões com vista a aferir dos seus conhecimentos financeiros (que podemos considerar de “básicos”). De todos os inquéritos recolhidos foram validados 345, o que é significativo. Destes, a maioria diziam respeito a alunos de Ciências e Engenharias (56%). Os restantes eram de alunos de Economia/Gestão/Contabilidade (19%), Humanísticas/Línguas (15%) e Saúde/Desporto/Artes (10%). Retive os resultados de três dessas questões:

1. Em qual das opções seguintes a água é mais barata (por litro)?

a. Garrafas de 0,25 litros a 0,40 euros

b. Garrafas de 0,33 litros a 0,50 euros

c. Garrafas de 0,50 litros a 0,70 euros

d. Garrafas de 1 litro a 1,50 euros

Percentagem de respostas erradas: cerca de 40%.

2. Queres comprar um casaco que está em promoção, marcado com o preço de 50 euros e um desconto de 20%. Quanto tens de pagar pelo casaco?

a. 40 euros

b. 30 euros

c. 49 euros

Percentagem de respostas erradas: cerca de 30%, sendo que os piores resultados foram obtidos pelos estudantes que ingressaram em Economia/Gestão/Contabilidade (cerca de 40% de respostas erradas).

3. Contraíste um empréstimo de 500 euros, por meio ano, à taxa de juro anual de 10%. Quanto pagaste no final do prazo (valor da dívida mais os juros)?

a. 525 euros

b. 500 euros

c. 550 euros

Percentagem de respostas erradas: cerca de 60%.

Sejamos honestos: devia ser expectável (diria mesmo, exigido) que qualquer aluno que tenha concluído o ensino secundário e ingressado no ensino superior respondesse correctamente a estas questões ou, enfim, pelo menos às duas primeiras. À terceira deveriam responder correctamente, pelo menos, os alunos que tivessem frequentado Ciências Socioeconómicas no secundário. Os alunos que responderam a este inquérito, na sua maioria, tiveram Matemática até ao 12º ano. Muitos deles realizaram com sucesso o respectivo exame nacional, após o 12º ano, o que torna ainda mais preocupantes os resultados. Serão eles representativos do que se passa a nível nacional? É impossível garanti-lo, mas não custa acreditar que sim. Que se passa, então, com o ensino secundário? Que programas estão a ser leccionados? Com que grau de exigência? Para proporcionar que competências a um jovem adulto? Estará a Escola (em sentido amplo) a prepará-lo para o exercício de aspectos básicos de cidadania como os retratados nas situações subjacentes àquelas questões? Não deveria ser esta uma prioridade da Escola?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O inquérito à literacia financeira da população portuguesa 2010

Dada a proximidade do Dia Mundial da Poupança (31 de Outubro), nunca é demais aproveitar para destacar iniciativas que, directa ou indirectamente, apelem à necessidade e importância da realização de poupança.
A iniciativa que destaco diz respeito ao “Inquérito à literacia financeira da população portuguesa de 2010”, da responsabilidade do Banco de Portugal e cujos principais resultados foram divulgados no passado dia 18 de Outubro.
O inquérito consistiu na realização de 2.000 entrevistas porta-a-porta em todo o território nacional, entre Fevereiro e Março de 2010. Os entrevistados apresentavam idade igual ou superior a 16 anos, tendo sido definidos em função de cinco critérios: género, idade, região NUTS II (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira), situação laboral (activo ou não activo) e nível de escolaridade. As entrevistas basearam-se num questionário constituído por 94 questões de escolha múltipla acerca de cinco áreas temáticas: inclusão financeira, planeamento de despesas e poupança, gestão de conta bancária, escolha de produtos financeiros e compreensão financeira.
De entre os principais resultados do inquérito, destacaria os seguintes:
- 11% dos inquiridos revelam não possuir conta bancária;
- Apenas 52% dos inquiridos afirmam que efectuam poupanças e, destes, apenas 56% o fazem regularmente;
- Apenas cerca de 20% dos inquiridos afirmam poupar numa lógica de médio e longo prazo, aplicando os recursos numa conta a prazo ou noutra aplicação financeira (de facto, dos inquiridos que dizem fazer poupanças, 54% considera como poupança o dinheiro deixado numa conta à ordem para gastar mais tarde);
- No que se refere aos critérios de escolha do banco, 35% dos inquiridos afirmam ter sido a recomendação de familiares e amigos, 23% referem a proximidade do balcão de casa ou do local de trabalho e apenas 9% referem os custos mais baixos e 3% a remuneração da conta, o principal critério para a escolha do seu banco;
- A maioria dos inquiridos analisam a informação pré-contratual (83%), mas apenas 8% comparam os produtos;
- 69% dos inquiridos não sabem ou sabem “apenas aproximadamente” o valor da taxa de juro aplicada às suas poupanças;
- De entre os critérios de escolha do crédito à habitação, apenas 4% dos inquiridos indicam a TAE (taxa anual efectiva);
- Em relação à utilização de cartões de crédito, 43% dos inquiridos afirma que não paga a totalidade do saldo em dívida no final do mês;
- No que concerne à compreensão financeira, apenas 9% dos inquiridos responde com rigor quando questionados sobre o conceito de Euribor (sendo que 53% respondem incorrectamente e 38% respondem que “não sabem”) e apenas 17% sabem o significado do spread que incide sobre uma taxa de juro de referência (22% respondem incorrectamente e 61% respondem que “não sabem”).
Todos estes resultados podem ser considerados como algo preocupantes, evidenciando alguma falta de hábitos de poupança por parte dos portugueses e evidenciando também a importância de possuírem mais conhecimentos ao nível da literacia financeira. De facto, estes resultados apenas acentuam ainda mais a necessidade de sensibilização da população portuguesa para a importância da realização de poupança e, quando realizada, numa perspectiva de longo prazo, em vez de apenas para fins imediatos. São também evidentes as lacunas ao nível da literacia financeira. A população portuguesa deveria possuir um conjunto de conhecimentos mínimos ao nível da literacia financeira, de modo a poder ajudá-la: a identificar as formas mais correctas de constituir poupança, e, posteriormente, a aplicar correctamente essas mesmas poupanças; a averiguar a eventual necessidade de recurso ao crédito; uma vez decidido o recurso ao crédito, a escolher a modalidade de crédito mais vantajosa e a instituição bancária que apresenta condições mais favoráveis, etc..
Este assunto reveste-se de uma grande importância para todos nós, sobretudo em épocas de crise económico-financeira como a que actualmente vivemos. Porventura, em vésperas de (eventual) aprovação do Orçamento de Estado para 2011, mais importante do que estar à espera de saber se a taxa de IVA aumentará para 22% ou 23%, mais importante do que estar à espera de saber se o nosso IRS irá aumentar, é tomar desde já medidas concretas no sentido de racionalizar os nossos gastos de modo a constituirmos poupança numa perspectiva de longo prazo. Não podemos estar à espera que os outros ajam por nós. E se começarmos agora, talvez já comecemos com algum atraso…

Turismo e Biodiversidade

Numa altura em que se celebra o Ano Internacional da Biodiversidade (2010), a Organização Mundial de Turismo (OMT) escolheu como tema para as comemorações do Dia Mundial de Turismo (27 de Setembro) “Turismo e Biodiversidade”. A China foi o país escolhido pela OMT para as comemorações oficiais, e um pouco por todo o mundo realizaram-se actividades com vista à sensibilização e preservação de espaços naturais. Este ano, o Governo português escolheu, pela primeira vez, a região Centro para as comemorações deste dia, destacando a diversidade e riqueza do património natural aqui existente.
Pegando nesta temática, quisemos identificar algumas instituições / empresas da região Dão Lafões com preocupações ambientais. Assim, aqui ficam alguns exemplos que contribuem para um turismo mais sustentável:
A abertura do CMIA – Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental de Viseu, desenvolvido no âmbito do Programa ViseuPolis, situado no Parque Linear do Pavia, possibilita visitas de estudo e reflexões acerca de problemas ambientais, e facilita a realização de seminários e conferências.
Tondela apresenta-nos um projecto inovador “Os Ambientes do Ar”, situado na aldeia de Souto Bom, estruturado em torno da requalificação de um núcleo de sete moinhos localizados ao longo da Ribeira da Pena. Estes, para além de continuarem a moer, assumem funções enquanto núcleos de interpretação, permitindo o contacto com sete ambientes diferentes: Astronomia, o Homem e a Terra, Funcionamento do Moinho, Reciclagem, Energias Renováveis, Energia Hídrica, Habitat Repícola.
Ainda no concelho de Tondela, é possível encontrar o Hotel Rural Quinta dos Bispos, distinguido com o galardão Chave Verde. Este programa de qualidade e educação ambiental de âmbito internacional é atribuído a meios de alojamento que se preocupam com um melhor ambiente e que acreditam que, ter boas práticas ambientais, é um desejo cada vez maior dos seus clientes.
Também o Balneário Rainha D. Amélia, nas Termas de S. Pedro do Sul está de parabéns, uma vez que tem implementado um Sistema de Gestão Ambiental devidamente certificado pela Norma NP EN ISSO 14001:2004 no âmbito de “Prestação de Serviços de Tratamento Termal”, atribuindo importância não só os impactes ambientais causados pela própria actividade, mas também aos impactes causados pelos serviços subcontratados.Entidades e empresas como estas são exemplos a seguir, uma vez que demonstram uma cuidada preocupação com as questões da diversidade e do meio ambiente.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social


Este ano é o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, o que não deixa de ser uma contradição com a actual situação económica e social do país, onde a pobreza tem vindo e certamente continuará a aumentar.
No entanto, e sob uma espírito optimista, quero relembrar uma iniciativa da estação de rádio – “TSF” em parceria com a empresa “Motal-Engil”, que lançaram em conjunto o prémio Manuel António da Mota, que distingue a Instituição Particular de Solidariedade Social que mais se destaque no exercício da sua actividade. Além disso, na “TSF” de segunda a sexta-feira, às 07h40 e 18h45 é possível acompanhar o programa “Portugal Solidário” que traz à antena as histórias de quem dá e recebe solidariedade. A primeira fase deste projecto contou com 346 candidaturas e destas foram seleccionadas 10 para a segunda fase. A decisão final será tomada até ao dia 31 de Outubro, sendo a escolha do vencedor divulgada a partir da segunda quinzena de Novembro.
Tive a oportunidade de ouvir alguns dos programas do “Portugal Solidário” e as iniciativas apresentadas são quase todas dignas do prémio final mas logicamente nem todas podem ganhar. Do distrito de Viseu tive a oportunidade de ouvir a descrição de três projectos entre os quais quero salientar: o da “Associação de Solidariedade de Vila Chã de Sá” cujo principal objectivo é o da construção de um Lar para idosos; as “Voluntárias no Hospital S. Teotónio” que ajudam a humanizar o Hospital e por fim projecto “Pastéis Solidários de Mangualde,” que canaliza os resultados da venda dos deliciosos pastéis do Patronato para a Paróquia, nomeadamente, com o propósito da construção de um Lar, Centro de Dia e a prestação de Apoio Domiciliário, cujo custo se estima em 3,5 milhões de euros. Nenhuma destas três instituições faz parte das dez finalistas, no entanto, o seu trabalho é de louvar e cabe-nos a todos nós ajudar estas instituições a alcançar os seus objectivos.
Como já afirmei, relembro que ajudar não é só contribuir monetariamente, cada um de nós deve decidir como ajudar. Deixo o repto – ajude, nunca sabe se um dia não precisa de ajuda!

Não deixe de explorar em http://www.2010combateapobreza.pt/ a informação disponível.

sábado, 18 de setembro de 2010

Certificados do Tesouro

Desde 1 de Julho deste ano que as famílias portuguesas dispõem de mais um produto financeiro onde poderão aplicar as suas poupanças: os Certificados do Tesouro (CT’s). Vejamos, muito sinteticamente, em que consiste esta nova aplicação financeira.
O que são?
Os CT’s constituem títulos de dívida pública, emitidos por um prazo de 10 anos e que procuram conciliar algumas vantagens de títulos de dívida pública já existentes.
Como são emitidos?
Os CT’s são emitidos com um valor nominal de 1 euro, apenas a favor de particulares, apresentando um mínimo de subscrição de 1.000 unidades (1.000 euros) e um máximo por titular de 1 milhão de euros.
Onde podem ser adquiridos?
Os CT’s podem ser adquiridos directamente nos balcões das entidades contratadas para o efeito pelo Instituto de Gestão do Crédito Público, nos balcões dos CTT e na internet através do AforroNet.
Que rendimento conferem?
A rendibilidade dos CT’s encontra-se indexada à rendibilidade de vários instrumentos de dívida pública, estando o capital investido garantido pelo Estado. As taxas de juro são calculadas tendo em conta 3 períodos: no período inferior a 5 anos, o subscritor recebe anualmente a taxa em vigor na data da subscrição dos Bilhetes do Tesouro ou a Euribor a 12 meses; no período de 5 anos ou mais, o subscritor recebe anualmente a taxa das Obrigações do Tesouro a 5 anos praticada na data da subscrição; se o subscritor mantiver os CT’s por 10 anos, será remunerado à taxa das Obrigações do Tesouro a 10 anos. Note-se que, ao contrário do que acontecia nos Certificados de Aforro, os juros proporcionados pelos CT’s não são capitalizados.
Quais as condições de resgate?
Os CT’s permitem o resgate antecipado, na totalidade ou parcialmente, nas datas anuais de pagamento de juros. Contudo: caso o resgate ocorra fora dessas datas, o subscritor perde o direito à remuneração no período entre o último pagamento de juros e o resgate; apenas permitem o resgate 6 meses após a data da subscrição; e, em caso de resgate parcial, o número de unidades remanescente não poderá ser inferior ao número mínimo de unidades requerido numa subscrição nova (1.000 unidades).
Será que constituem uma boa aplicação financeira?
Os CT’s são interessantes para quem investe por mais de 5 anos, principalmente se se pretende alguma liquidez e um risco bastante reduzido. No entanto, para prazos de aplicação inferiores a 5 anos, poderão encontrar-se actualmente junto de instituições bancárias depósitos ou outras aplicações mais rentáveis.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Silêncio


Passam já mais de 75 anos desde o início da maior barbárie da era moderna, perpetrada por uma nação “inteira” sobre outro povo – o Holocausto. Era também esse o nome de uma série – Holocausto (1978) - que passou nas televisões de quase todo o mundo e que deu também a conhecer uma das mais promissoras actrizes – Meryl Streep. Foi através dessa série que tomei conhecimento dessa barbárie e que me fez ter especial apreço pelo povo judeu.

Muitos dos filmes e séries que retratavam essa época, abordavam o tema na perspectiva da vítima ou das vítimas. Só muito recentemente, os cineastas se começaram a interessar pela perspectiva do carrasco. Confesso que já era suficientemente aterradora a visão das atrocidades de sofreram as vítimas, mas é-me agora muito mais difícil aceitar a perspectiva do carrasco. Como foi possível que uma nação inteira fosse ou acometedora de crimes ou conivente ou silenciosa perante os crimes? Muitos, diz-se, tiveram de escolher entrar matar ou morrer, outros acreditavam e satisfaziam-se com os actos praticados, outros exilavam-se, outros permaneciam em silêncio.

Existem muitas explicações sociológicas e psicológicas para os comportamentos de grupo. Qualquer uma delas apontam causas para que em determinadas situações um ser humano possa prescindir dos seus valores e dos seus princípios e adoptar os princípios e comportamentos do grupo a que pertence ou a que quer pertencer. Os grupos onde mais se verificam este tipo de catarse invertida são os adolescentes, os políticos, os membros de gangs, as religiões ou seitas, os “hooligans” - entre outros. Normalmente, dentro destes grupos existe um líder ou um pequeno grupo liderante, uma estrutura hierárquica bem definida e um sistema de controlo e punição que evitem comportamentos desviantes. Aqui o “indivíduo” sente-se protegido, não interessando muitas vezes se concorda ou não com grupo. Silencia-se, enquanto esse silêncio compensar.

Existem, felizmente, indivíduos que permanecem indivíduos, fiéis aos seus princípios, mesmo que sós, mesmo que com isso estejam isolados, mesmo que com isso tenham um mundo contra si. É devido a eles que as revoluções científicas, políticas e tecnológicas se fazem. São eles os catalisadores da destruição criativa a que se refere Schumpeter. Enumero alguns: Mahatma Gandhi, Galileu Galilei, Oskar Schindler, Nelson Mandela, Obama. Todos estes homens fizeram história e ficaram na história pelo bem que fizeram. Mas, e o mais importante de tudo, é que não se silenciaram, nem aceitaram ser silenciados.

Termino, parafraseando o agora falecido historiador, Tony Judt: “Entrámos numa época perigosa, de esquecimento da história e de amnésia do mal”.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Como explicar o aumento do endividamento das famílias portuguesas

O endividamento das famílias é um problema cada vez mais actual na sociedade portuguesa. Basta olhar para alguns indicadores do endividamento dos particulares, para constatarmos que se registou nos últimos anos um aumento significativo do endividamento das famílias, originando muito frequentemente situações de sobre endividamento.
Existem diversos factores que poderão explicar esta situação: o espírito consumista que cada vez mais caracteriza a sociedade portuguesa, uma certa falta de hábitos de poupança, o aumento significativo da oferta de crédito por parte das instituições financeiras nos últimos anos e a falta daquilo que poderemos apelidar de “literacia financeira”.
Relativamente ao primeiro aspecto, a nossa sociedade (e, porventura, não será apenas a sociedade portuguesa) encontra-se cada vez mais dominada por um espírito consumista. Todos nós gostaríamos de viver numa boa casa, ter um bom automóvel (ou até, no caso dos casais, ter um automóvel para cada cônjuge), computador, os melhores móveis, os melhores electrodomésticos, telemóvel, etc.. Não digo que estas aspirações não sejam legítimas, desde que não pequem por excesso. Se cairmos num espírito consumista desenfreado, querendo “ter sempre mais e melhor que o nosso vizinho”, vivendo num mundo de falsas aparências e muito acima das nossas possibilidades, aí sim poderemos vir a ter verdadeiros problemas.
No que diz respeito ao segundo aspecto, a situação começa a melhorar, se bem que muito lentamente, havendo ainda muito a fazer. De facto, se nos anos 70 as famílias portuguesas conseguiram atingir uma taxa de poupança superior a 30% do seu rendimento disponível, a partir da década de 80 e, sobretudo, a partir da década de 90, a taxa de poupança das famílias portuguesas diminuiu drasticamente. Felizmente que, nos últimos anos (nomeadamente a partir de 2008 e 2009), também devido ao cenário recente de crise económico-financeira, a taxa de poupança das famílias portuguesas retomou o seu trajecto ascendente, se bem que com valores ainda muito distantes dos registados nos anos 70.
No que concerne ao aspecto da oferta de crédito, todos os dias somos autenticamente “bombardeados”, através dos meios de comunicação social (televisão, rádio, jornais, revistas, internet, panfletos outdoors, …) com ofertas de crédito ao consumo que apelam ao crédito fácil, com (supostas) condições de reembolso acessíveis (“à medida de cada um”), num processo simples (sem burocracia, sem “porquês”, …) e rápido (“no dia seguinte ao da assinatura do contrato terá o dinheiro disponível na sua conta”). Pois bem, tudo isto é tentador (sobretudo se vivermos no tal “mundo de aparências”). A questão é que o endividamento em si mesmo não é a fonte dos nossos problemas, desde que seja utilizado com “conta, peso e medida”. O problema do endividamento apenas ganha contornos mais graves quando as famílias se vêem impossibilitadas de fazer face aos encargos dos créditos contraídos, gerando situações de sobre endividamento. Muitos casos existem em que as pessoas acumulam créditos, incorrendo em três, quatro, cinco ou mais créditos simultaneamente (crédito à habitação, crédito automóvel, crédito férias, crédito para aquisição de electrodomésticos, etc.), por vezes incorrendo em novos créditos para pagar juros de créditos anteriormente contraídos, entrando numa verdadeira “espiral de endividamento”. Também, não bastas vezes, as pessoas desrespeitam a taxa de esforço recomendada, pagando encargos com créditos que ultrapassam largamente 40% do seu rendimento mensal. E note-se que o caminho para se chegar a uma situação de sobre endividamento não é tão difícil de percorrer. Por vezes, basta a ocorrência de uma situação inesperada de desemprego, divórcio, acidente, doença, …, para começarmos a sentir não só as consequências monetárias do sobre endividamento, mas também os seus efeitos nefastos do ponto de vista social e psicológico.
Finalmente, mas não menos importante, o aspecto da “literacia financeira”. Se nós não soubermos o que significam os conceitos e termos financeiros que constantemente são utilizados no nosso dia-a-dia, se não soubermos minimamente fazer contas, muito dificilmente conseguiremos poupar, aplicar correctamente as nossas poupanças, ou contrair o crédito mais vantajoso (quando for estritamente necessário fazê-lo). Como forma de promover um esforço de auto-reflexão, deixava aqui algumas questões sobre as quais deveríamos ponderar:
- Será que sabemos verdadeiramente como poupar?
- Será que sabemos escolher a aplicação financeira que nos proporciona as melhores condições?
- Será que recolhemos informações sobre o financiamento que necessitamos junto de várias instituições financeiras e sabemos escolhe o crédito mais vantajoso?
- Será que nos preocupamos em saber todas as implicações legais no futuro dos contratos de crédito que assinamos?
- Será que nos sentimos inibidos de pedir esclarecimentos ao nosso banco em relação a questões que não compreendemos?
- Será que pura e simplesmente confiamos no nosso “amigo” que até trabalha num banco?
- Será que educamos os nossos filhos em relação à questão do dinheiro?
Pois bem, se respondemos negativamente à maior parte destas questões, importa agir o mais rápido possível. Não podemos continuar a ser “iliterados” do ponto de vista financeiro. Está em causa o nosso futuro e, quem sabe, também o futuro dos nossos filhos…

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 45. "As cidades, as regiões como uma Árvore"

Num formato diferente, neste vídeo da Clareza de Pensamento o Dr. Pedro Baila Antunes faz uma metáfora entre uma Árvore e aquilo que são as cidades ou as regiões.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 44. "Dispositivos Móveis"

Alargando os temas da Clareza do Pensamento à tecnologia, o Dr. Samuel Barros entrevista o Doutor Francisco Ferreira Francisco a propósito da utilização de Dispositivos Móveis pelas organizações e pelos utilizadores comuns.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 43. "A Internacionalização de Empresas"

Nesta comunicação vídeo o Eng. António Figueiredo elucida sobre a Internacionalização de Empresas.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dívida Pública: o que é?

Nos últimos meses a temática da dívida pública ganhou uma importância, visibilidade e dimensão que há muitos anos não tinha. Mas, sublinhe-se, essa maior relevância também resulta do facto de a questão da dívida pública se estar a “generalizar”, no sentido de que o cidadão comum se vai apercebendo de que, afinal, este problema também lhe diz respeito e que lhe caberá certamente parte do ónus resultante da sua eventual resolução. E esta percepção dos indivíduos não resulta apenas da ênfase que o debate político e a comunicação social têm colocado no assunto, mas também (e, se calhar, sobretudo) do facto de a questão da dívida pública se estar a projectar de forma directa e objectiva sobre a vida das pessoas e das organizações, de formas diversas: por via das medidas de austeridade adoptadas pelo Governo português, pela crescente dificuldade em aceder ao crédito, pela tendência para crescimento das taxas de juro, pelos efeitos que as políticas implementadas têm no nível da actividade económica e no emprego, etc.

No entanto, na cabeça de muitas pessoas continuam a colocar-se muitas dúvidas, nomeadamente em relação a alguns aspectos básicos desta temática. No espírito de “clareza no pensamento” que norteia este projecto, vamos procurar ajudar ao esclarecimento de algumas dessas dúvidas. Dado que o espaço é curto vamos referir-nos apenas, por agora, à questão básica do conceito de dívida pública, procurando voltar ao assunto em futuros apontamentos.

O que é, afinal, a dívida pública?
As necessidades anuais de financiamento do Estado decorrem sobretudo (embora não exclusivamente) da existência de défices orçamentais. É que, como com qualquer outra entidade, quando as despesas são superiores às receitas, esse excesso de despesa tem que ser, de uma forma ou outra, financiado. No que respeita ao Estado, esse financiamento pode fazer-se de formas diversas, destacando-se, no entanto, três soluções:
- emissão de dívida pública
- alienação de património do Estado (como a venda de imóveis e a privatização de empresas públicas);
- emissão de moeda pelo Banco Central.

Considerando que a 2ª solução (alienação de património) deve ser entendida como conjuntural e de recurso (e é, obviamente, limitada) e que a 3ª solução (emissão monetária) é pouco recomendável (tendo em conta, entre outros, os potenciais efeitos em termos de inflação) e que a mesma não está, aliás, disponível (em termos individuais) para os países que, como Portugal, integram a União Económica e Monetária (é o Eurosistema, liderado pelo Banco Central Europeu, que controla essa emissão), a emissão de dívida pública assume-se então como a principal forma de financiamento dos défices orçamentais por parte do Estado.

Essa emissão de dívida pública faz-se essencialmente através da emissão de títulos de dívida (como Obrigações do Tesouro, Bilhetes do Tesouro, Certificados de Aforro, entre outros), os quais são lançados nos mercados de capitais com vista à obtenção dos meios de financiamento necessários. A dívida pública corresponde então, essencialmente, às responsabilidades assumidas pelas Administrações Públicas em relação a esses títulos de dívida emitidos.

Porque varia a dívida pública ao longo dos anos?
Embora a variação da dívida pública, ao longo dos anos, dependa de vários factores (entre eles, as eventuais amortizações de dívida que se façam), o principal factor de variação da dívida pública é o saldo orçamental de cada ano. Repare-se, por exemplo, que em Portugal a dívida pública acumulada passou de 66,3% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2008, para 76,8% do PIB em 2009, o que é largamente explicado pelo enorme défice orçamental que Portugal registou em 2009 (9,4% do PIB).

Há, obviamente, muitos outros aspectos básicos relativos a esta temática. Procuraremos retomá-los em futuros apontamentos.

Clareza no Pensamento (Vídeo) 42. "A Dívida Pública"

Em mais um apontamento de Clareza do Pensamento, o Dr. Joaquim Simões esclarece sobre o conceito básico de Dívida Pública.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 41. "Empreendedorismo - mitos (I)"

Entrevistado pela Dra. Paloma Cabañas, o Dr. Samuel Barros, num primeiro apontamento sobre o assunto, decifra alguns mitos associados à noção de Empreendedorismo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O défice do Estado e o défice das famílias portuguesas

Queria aproveitar este apontamento para falar um pouco sobre o défice. Porventura, neste momento já estarão a pensar: “mais um a falar na história do défice”! Pois bem, não pretendo falar tanto do défice do Estado português, nem da bondade ou da eventual ineficácia das medidas recentemente tomadas, mas mais do défice das famílias portuguesas. De facto, as semelhanças são muitas…

Todos sabemos que a questão do défice das nossas contas públicas, é algo que nos deve preocupar a todos. Contudo, parece-me que existe um défice que as pessoas em geral ainda não atribuíram a devida atenção: o défice das famílias. A situação deste défice não é muito diferente da situação do défice do Estado. De facto, tem-se registado ao longo dos anos um défice estrutural no orçamento das famílias e, porventura, a situação não tende a melhorar no curto prazo.

As medidas para combater o défice das famílias são em tudo idênticas às medidas para combater o défice das nossas contas públicas: ou aumentamos as nossas receitas, ou diminuímos as nossas despesas, ou, preferencialmente, fazemos simultaneamente uma coisa e outra.

Em relação ao aumento das receitas das famílias, talvez o mecanismo seja um pouco mais complicado do que o aumento das receitas do Estado. De facto, ao contrário do Estado, não podemos pura e simplesmente cobrar mais impostos de modo a consegui-lo. Além disso, poderíamos eventualmente trabalhar horas extraordinárias, pedir um aumento de salário ao nosso patrão… Todavia, na conjuntura actual, fazer isso será muito difícil.

Deste modo, talvez possamos corrigir o nosso défice agindo sobretudo ao nível das despesas. Quando falo em cortar nas despesas do nosso agregado familiar, não falo apenas nas despesas correntes, por exemplo: se temos o hábito de fumar, porventura esta seja uma boa altura para reduzirmos ou, até mesmo, deixarmos de fumar (faz bem à saúde e à “carteira”), evitarmos gastar tanto dinheiro em bens supérfluos (ou, pelo menos, que não sejam de primeira necessidade, como sejam carteiras, acessórios de moda, decoração para a casa, etc.). Quando falo em cortar nas despesas estou a referir-me a algo de mais duradouro, de certa forma, estrutural. Por exemplo: será que a casa que nós adquirimos através de crédito à habitação foi a mais indicada para nós?! Por vezes, mesmo as famílias mais pequenas, optam por comprar habitações de grandes dimensões, situação que se faz repercutir depois durante todos os meses da nossa vida quando pagamos a prestação do crédito (ou pelo menos enquanto durar o crédito à habitação). Será que precisamos efectivamente de comprar o novo modelo de automóvel que acabou recentemente de ser lançado, quando comprámos carro há dois ou três anos atrás?! Com certeza que o carro novo não será mais barato e, novamente, lá está a prestação do crédito automóvel a aumentar. No fundo, o que eu quero dizer é que se é importante reduzir as nossas despesas correntes, do dia-a-dia, tão ou mais importante é reduzir as despesas que sabemos que nos vão afectar a médio/longo prazo.

Ora se tivermos a ambição de viver acima das nossas possibilidades, se não tivermos a mentalidade adequada, corremos o risco de comprometer de forma estrutural o défice do nosso orçamento familiar. É importante pensar bem antes de tomarmos certas decisões de consumo, recolher informação, fazer contas, comparar propostas de entre a concorrência,... É importante poupar, e quanto mais tarde o começarmos a fazer, maior terá de ser o esforço quando estivermos perto da reforma. Para fazer tudo isto de forma adequada existe algo que é fundamental: a literacia financeira. Se nós não soubermos o que significam os conceitos e termos que constam da maior parte dos créditos que contraímos e das aplicações que fazemos, se não soubermos minimamente fazer contas, muito dificilmente conseguiremos apurar convenientemente o nosso défice e corrigi-lo.

Naturalmente que aquilo que eu disse anteriormente não se aplica a todas as famílias portuguesas. Contudo, se existirem famílias que não tenham este tipo de mentalidade, muito sinceramente afirmo que não têm moral e credibilidade para criticar o próprio défice das contas do Estado. Afinal, ambas as situações não serão idênticas?! E, já agora não resisto: talvez os governantes e os políticos necessitem também um pouco de mais literacia financeira…