quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A propósito de Iliteracia contabilística

Mais um ano chega ao fim! Mais um ciclo contabilístico que se fecha e outro que recomeça. Há que preparar 2012.

A contabilidade tem uma linguagem própria que todos devemos perceber. O registo do dia-a-dia de qualquer negócio é exigido por lei e, além disso, é útil enquanto importante instrumento de gestão. A manutenção de registos atualizados é vital para a operacionalidade diária de qualquer entidade, seja qual for o ramo de negócio. A informação sobre a situação financeira da entidade irá ajudar a identificar e corrigir quaisquer problemas entre receitas e despesas antes que estes se tornem em catástrofes. Estes registos devem ser mantidos para determinar, entre outras, as responsabilidades fiscais do indivíduo ou negócio. Independentemente do tipo de sistema contabilístico utilizado, os registos devem ser permanentes, precisos e completos, e devem especificar claramente as receitas, despesas, créditos, débitos e demais informações especificadas através do sistema legal vigente: fiscal, comercial, laboral, da concorrência, ambiental e demais legislação sectorial. Devemos ter presente que a implementação do sistema contabilístico é da responsabilidade do órgão de gestão.

A gestão moderna de qualquer entidade não se limita a recordar o passado e a conhecer o presente. É necessário perspetivar o futuro, planear a atividade, estabelecer objetivos, mediante uma prévia seleção entre as diversas alternativas possíveis. Ora, para o estabelecimento destas opções é necessário conhecer os elementos que as fundamentam. Os dados da contabilidade constituem um importante auxiliar no fornecimento desses elementos.

A Contabilidade é vista como uma técnica de registo e de representação de todas as transformações sofridas pelo património de qualquer entidade económica durante o exercício da sua atividade, de modo a saber-se, em qualquer momento, a sua composição e valor, fornecendo, simultaneamente, informações para a tomada de decisão de gestão - registo histórico dos factos patrimoniais.

A Contabilidade é vista como uma ciência que seguindo uma técnica definida e própria, permite, a cada momento, avaliar e quantificar o património, valorizando e prevendo as suas variações e os fluxos por elas gerados, com vista à otimização da gestão - previsão do futuro, facto relevante da gestão moderna.

As informações prestadas pela contabilidade ultrapassam, em larga escala, o âmbito da entidade e dos seus mais diretos colaboradores, revestindo interesse para um vasto conjunto de utilizadores (gestores, investidores, credores, financiadores, Administração Fiscal, estatísticas nacionais e sectoriais, etc.).

De um simples processo de registo de transações, a contabilidade foi-se transformando progressivamente numa fonte de informações, na medida em que pode facultar, a qualquer momento, o conhecimento da situação da entidade e o andamento dos negócios - técnica de gestão que tem como finalidade a determinação da situação patrimonial e dos seus resultados.

É preciso ir mais além. Não ver a contabilidade como a burocracia necessária para o cumprimento da legalidade, mas vê-la e como um instrumento de gestão do negócio, envolvendo todo o pessoal nos processos e sistemas a fim de aumentar a eficiência e aprofundar conhecimentos, colmatando eventuais lacunas, minimizando os riscos.

Estamos na era da informação! A tão propagada melhoria contínua só é possível quando a tomada de decisão do órgão de gestão é baseada em informação atempada, útil e adequada, tendente à obtenção de ganhos de eficiência, eficácia e economia, a fim de garantir uma produtividade sustentável.

Isabel Martins

Docente de Contabilidade e Auditoria na ESTGV