sábado, 18 de setembro de 2010

Certificados do Tesouro

Desde 1 de Julho deste ano que as famílias portuguesas dispõem de mais um produto financeiro onde poderão aplicar as suas poupanças: os Certificados do Tesouro (CT’s). Vejamos, muito sinteticamente, em que consiste esta nova aplicação financeira.
O que são?
Os CT’s constituem títulos de dívida pública, emitidos por um prazo de 10 anos e que procuram conciliar algumas vantagens de títulos de dívida pública já existentes.
Como são emitidos?
Os CT’s são emitidos com um valor nominal de 1 euro, apenas a favor de particulares, apresentando um mínimo de subscrição de 1.000 unidades (1.000 euros) e um máximo por titular de 1 milhão de euros.
Onde podem ser adquiridos?
Os CT’s podem ser adquiridos directamente nos balcões das entidades contratadas para o efeito pelo Instituto de Gestão do Crédito Público, nos balcões dos CTT e na internet através do AforroNet.
Que rendimento conferem?
A rendibilidade dos CT’s encontra-se indexada à rendibilidade de vários instrumentos de dívida pública, estando o capital investido garantido pelo Estado. As taxas de juro são calculadas tendo em conta 3 períodos: no período inferior a 5 anos, o subscritor recebe anualmente a taxa em vigor na data da subscrição dos Bilhetes do Tesouro ou a Euribor a 12 meses; no período de 5 anos ou mais, o subscritor recebe anualmente a taxa das Obrigações do Tesouro a 5 anos praticada na data da subscrição; se o subscritor mantiver os CT’s por 10 anos, será remunerado à taxa das Obrigações do Tesouro a 10 anos. Note-se que, ao contrário do que acontecia nos Certificados de Aforro, os juros proporcionados pelos CT’s não são capitalizados.
Quais as condições de resgate?
Os CT’s permitem o resgate antecipado, na totalidade ou parcialmente, nas datas anuais de pagamento de juros. Contudo: caso o resgate ocorra fora dessas datas, o subscritor perde o direito à remuneração no período entre o último pagamento de juros e o resgate; apenas permitem o resgate 6 meses após a data da subscrição; e, em caso de resgate parcial, o número de unidades remanescente não poderá ser inferior ao número mínimo de unidades requerido numa subscrição nova (1.000 unidades).
Será que constituem uma boa aplicação financeira?
Os CT’s são interessantes para quem investe por mais de 5 anos, principalmente se se pretende alguma liquidez e um risco bastante reduzido. No entanto, para prazos de aplicação inferiores a 5 anos, poderão encontrar-se actualmente junto de instituições bancárias depósitos ou outras aplicações mais rentáveis.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O Silêncio


Passam já mais de 75 anos desde o início da maior barbárie da era moderna, perpetrada por uma nação “inteira” sobre outro povo – o Holocausto. Era também esse o nome de uma série – Holocausto (1978) - que passou nas televisões de quase todo o mundo e que deu também a conhecer uma das mais promissoras actrizes – Meryl Streep. Foi através dessa série que tomei conhecimento dessa barbárie e que me fez ter especial apreço pelo povo judeu.

Muitos dos filmes e séries que retratavam essa época, abordavam o tema na perspectiva da vítima ou das vítimas. Só muito recentemente, os cineastas se começaram a interessar pela perspectiva do carrasco. Confesso que já era suficientemente aterradora a visão das atrocidades de sofreram as vítimas, mas é-me agora muito mais difícil aceitar a perspectiva do carrasco. Como foi possível que uma nação inteira fosse ou acometedora de crimes ou conivente ou silenciosa perante os crimes? Muitos, diz-se, tiveram de escolher entrar matar ou morrer, outros acreditavam e satisfaziam-se com os actos praticados, outros exilavam-se, outros permaneciam em silêncio.

Existem muitas explicações sociológicas e psicológicas para os comportamentos de grupo. Qualquer uma delas apontam causas para que em determinadas situações um ser humano possa prescindir dos seus valores e dos seus princípios e adoptar os princípios e comportamentos do grupo a que pertence ou a que quer pertencer. Os grupos onde mais se verificam este tipo de catarse invertida são os adolescentes, os políticos, os membros de gangs, as religiões ou seitas, os “hooligans” - entre outros. Normalmente, dentro destes grupos existe um líder ou um pequeno grupo liderante, uma estrutura hierárquica bem definida e um sistema de controlo e punição que evitem comportamentos desviantes. Aqui o “indivíduo” sente-se protegido, não interessando muitas vezes se concorda ou não com grupo. Silencia-se, enquanto esse silêncio compensar.

Existem, felizmente, indivíduos que permanecem indivíduos, fiéis aos seus princípios, mesmo que sós, mesmo que com isso estejam isolados, mesmo que com isso tenham um mundo contra si. É devido a eles que as revoluções científicas, políticas e tecnológicas se fazem. São eles os catalisadores da destruição criativa a que se refere Schumpeter. Enumero alguns: Mahatma Gandhi, Galileu Galilei, Oskar Schindler, Nelson Mandela, Obama. Todos estes homens fizeram história e ficaram na história pelo bem que fizeram. Mas, e o mais importante de tudo, é que não se silenciaram, nem aceitaram ser silenciados.

Termino, parafraseando o agora falecido historiador, Tony Judt: “Entrámos numa época perigosa, de esquecimento da história e de amnésia do mal”.