Há dias, o cineasta Manuel de Oliveira, em entrevista à RTP, falou nos seus projectos cinematográficos e referiu uma ideia para um filme que gostaria de realizar. O ponto de partida seria o fim da crise. De um momento para o outro, a crise que nos anda a afligir há uns meses terminara. Assim, repentinamente. E agora?
Vamos, então, escrever um guião mesmo sabendo que estará longe das exigências artísticas de Manuel de Oliveira.
A notícia fez manchete em todos os jornais: “A crise acabou!” E não foi preciso nenhum decreto governamental, nem esperou pela mesa-redonda que estava agendada para o prime-time (em substituição do episódio da telenovela) de uma televisão generalista. Naquela noite, sem que os dirigentes políticos ou os economistas mais avisados conseguissem explicar o que se estava a passar, as pessoas começaram a ocorrer aos centros comerciais e a fazer compras, as empresas terminaram os lay-off e começaram a convocar os trabalhadores para o turno da noite, os conselhos de administração decidiram avançar com os investimentos que estavam a aguardar por melhores dias (neste caso, os “melhores dias” foram à noite). Parece que, finalmente, o pesadelo tinha terminado!
Na semana que se seguiu continuaram os festejos (e o trabalho) e ninguém reparou num homenzinho cinzento, com uns papeis na mão, aos berros pela rua sem que alguém o escutasse. Mas ele não desistiu. Disse, mais tarde, que “não podia desistir”. Aproximando-nos deste ser estranho lá conseguimos ouvir, a custo:
- É preciso pagar umas contas que ainda não foram liquidadas, voltou a gritar.
- Contas, que contas!?, perguntámos incrédulos.
E ele lá desfiou o rosário: A dívida externa que é maior que o PIB; o défice do orçamento do Estado que rondará 6% do PIB; além disso, é preciso ter em atenção a prestação da casa que aumenta por causa do aumento das taxas de juro e do spread.
- Mas, então, acabou a crise e continuamos com os problemas? Nada melhora?
- Ah! E não esquecer que o petróleo que estava a pouco mais de 30 dólares o barril, em Dezembro passado, já está agora a mais de 60. E vai continuar a aumentar com o aumento da procura originado pela retoma da economia mundial, concluiu o cínico, afastando-se ao luar.
Luar!, em tempo de lua nova!? Só pode ser um filme surrealista!
Vamos, então, escrever um guião mesmo sabendo que estará longe das exigências artísticas de Manuel de Oliveira.
A notícia fez manchete em todos os jornais: “A crise acabou!” E não foi preciso nenhum decreto governamental, nem esperou pela mesa-redonda que estava agendada para o prime-time (em substituição do episódio da telenovela) de uma televisão generalista. Naquela noite, sem que os dirigentes políticos ou os economistas mais avisados conseguissem explicar o que se estava a passar, as pessoas começaram a ocorrer aos centros comerciais e a fazer compras, as empresas terminaram os lay-off e começaram a convocar os trabalhadores para o turno da noite, os conselhos de administração decidiram avançar com os investimentos que estavam a aguardar por melhores dias (neste caso, os “melhores dias” foram à noite). Parece que, finalmente, o pesadelo tinha terminado!
Na semana que se seguiu continuaram os festejos (e o trabalho) e ninguém reparou num homenzinho cinzento, com uns papeis na mão, aos berros pela rua sem que alguém o escutasse. Mas ele não desistiu. Disse, mais tarde, que “não podia desistir”. Aproximando-nos deste ser estranho lá conseguimos ouvir, a custo:
- É preciso pagar umas contas que ainda não foram liquidadas, voltou a gritar.
- Contas, que contas!?, perguntámos incrédulos.
E ele lá desfiou o rosário: A dívida externa que é maior que o PIB; o défice do orçamento do Estado que rondará 6% do PIB; além disso, é preciso ter em atenção a prestação da casa que aumenta por causa do aumento das taxas de juro e do spread.
- Mas, então, acabou a crise e continuamos com os problemas? Nada melhora?
- Ah! E não esquecer que o petróleo que estava a pouco mais de 30 dólares o barril, em Dezembro passado, já está agora a mais de 60. E vai continuar a aumentar com o aumento da procura originado pela retoma da economia mundial, concluiu o cínico, afastando-se ao luar.
Luar!, em tempo de lua nova!? Só pode ser um filme surrealista!
1 comentário:
Caro Dr. Simões,
O seu post é uma lufada de ar fresco!!!
Que esta crise sirva para que se dê atenção aos "Homens Cinzentos".
Neste pais quem não está com o "main stream" logo é apelidado de Velho do Restelo ou mesmo Força de Bloqueio...
Parece-me, infelizmente, que já muitos estão a escrever o guião desse filme. Qualquer indicador que apareça nos numeros que não tenha sinal negativo é indicador de retoma e fim da crise.
Diz o povo que a procissão ainda vai no adro... e pesada é a Cruz que tem este Povo ainda de carregar.
Talvez noticias mais realistas cheguem lá para o final de Setembro, certamente será a chegada do Outono!! Até lá temos Filmes e outras Comédias Negras...
Algum dia vamos ter de aterrar, por os pés no chão e começar a pagar as contas.
Já estou a ser cinzento...
Adeus
Paulo
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