terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Contabilidade – o que é e para que serve? Parte I

A Contabilidade está ligada às primeiras manifestações humanas. Surge da necessidade do homem controlar os seus pertences, o seu património. Ao longo dos tempos, a contabilidade passou por várias fases evolutivas: desde os rudimentares registos encontrados nas paredes das cavernas até à actualidade, considerada um ramo das ciências sociais.

Surgiu da necessidade de afirmação social do homem, da sua protecção à posse, perpetuação e interpretação dos factos ocorridos, com o objectivo de alcançar os fins a que se propôs.

Segundo historiadores e pesquisadores arqueológicos, já os incas, os gregos, os fenícios, os romanos, os egípcios, cada um, de acordo com o seu tempo, época e à sua maneira, usavam princípios e normas conducentes ao controlo dos orçamentos e à arrecadação de impostos, incluindo a escrituração em livros próprios. Estes princípios e normas foram a origem dos actuais princípios contabilísticos geralmente aceites, que não são mais que normas de aplicação generalizada que extravasam a aplicação da lei e que incluem as normas de comportamento ético e deontológico.

Já na época do feudalismo, os grandes senhores feudais, proprietários de grandes terras, praticavam uma espécie de “contabilidade familiar”, como mero passatempo. Exerciam um controlo fiel das suas terras arrendadas aos colonos, das colheitas e até dos objectos de uso pessoal, como pratas, adornos e utensílios domésticos.

Todos estes registos eram efectuados como escrita natural ou simples apontamentos, sem a preocupação científica de se estabelecer uma relação entre DÉBITOS (bens e direitos; e diminuições de obrigações) e CRÉDITOS (obrigações; e diminuições de bens e direitos).

O pensamento contabilístico desenvolveu-se durante a Idade Média até ao surgimento, em 1494, do Tractatus de Computis et Scripturis Scripturis (Contabilidade, princípio das partidas dobradas), de Frei Luca Pacioli. Apesar da sua evolução ao longo dos tempos, hoje ainda se faz a Contabilidade usando o princípio das “partidas dobradas” – o total dos valores registados a DÉBITO é igual ao total dos valores registados a CRÉDITO.

A Contabilidade é uma ciência social e tem por objecto o Património. Através de uma metodologia própria, gera informações quantitativas e qualitativas sobre determinada entidade, expressas em termos físicos e monetários. Trata-se de um sistema de recolha, classificação, interpretação e divulgação de dados económicos, financeiros e monetários.

A informação contabilística pode expressar-se de diversas formas: registos permanentes e sistemáticos de factos patrimoniais, devidamente documentados, contas correntes, balancetes, listagens, notas explicativas, mapas, gráficos, pareceres, relatórios de diagnóstico e de prognóstico, descrições críticas e qualquer outro meio analítico e comparativo, quer sejam ou não exigidos pela legislação vigente. Cada Entidade deve providenciar a informação adequada às suas próprias necessidades de gestão.

As informações geradas pela Contabilidade levam à compreensão do estado real em que se encontra a Entidade, do seu desempenho, da sua evolução, permitindo uma visão dos seus riscos e oportunidades.

É esta visão, ao mesmo tempo global e particular, que fornece aos diferentes utentes uma base segura (porque elaborada a partir de normas obrigatórias) para a sua tomada de decisão: investidores, empregados, financiadores (incluindo a banca), fornecedores, clientes, Estado e o público em geral. Hoje é mais fácil ter acesso à informação de qualquer Entidade através da Informação Empresarial Simplificada (IES).

Para satisfazer as necessidades comuns dos diferentes utentes, e tendo em conta que os seus interesses nem sempre são coincidentes, a informação contabilística deve reflectir a imagem verdadeira e apropriada da Entidade, não privilegiando deliberadamente os interesses de nenhum deles, individualmente ou de grupo.

A contabilidade apenas regista factos, não os cria.

A contabilidade não gere as entidades, no entanto permite extrair informação útil e atempada, indispensável à tomada de decisão de qualquer gestor, seja qual for a dimensão da Entidade. É, pois, um instrumento de gestão indispensável para qualquer organização.

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