Vivemos numa era em que o desenvolvimento técnico e científico e correspondente especialização tornam muito difícil senão impossível, a qualquer organização, dispor de todo o know-how de que necessita para se desenvolver, nas diferentes áreas de operação:
1. Muitas vezes existem picos de procura que, a serem assegurados somente por recursos internos à organização, conduzem à criação de uma estrutura que a prazo poderá não ser sustentável, em termos económicos e financeiros, tornando-se ineficiente;
2. Os recursos financeiros necessários à criação e desenvolvimento de qualquer actividade são, por natureza, escassos e, consequentemente, poderão não chegar para assegurarem todas as actividades.
3. Mesmo que os recursos financeiros existam, muitas vezes os custos associados a essa possibilidade, sejam custos operacionais sejam custos de investimento, praticamente desaconselham as organizações a dominarem todos os saberes e técnicas envolvidas nos seus negócios.
A alternativa é, portanto, procurar fora parceiros que possam, de um modo mais eficiente, realizar parte das operações do seu ciclo de actividades (nomeadamente aquelas que não fazem parte do know-how do negócio), possibilitando a concentração nas operações essenciais ao negócio.
É neste perspectiva que o termo “Outsourcing” passou a fazer parte do vocabulário de gestão e a ser praticado cada vez com mais interesse pelas organizações.
A ideia de “outsourcing” é a de que a empresa ao realizar fora as actividades em que têm menos know-how, que não têm capacidade (dimensão) para as realizar ou que não fazem parte daquilo que se costuma designar como o “core business”, desde que devidamente controladas e coordenadas, alavancam o próprio negócio.
Mais do que uma relação comprador-fornecedor, trata-se de uma relação traduzida em parceria/dependência e interesse mútuo no negócio (resultados/risco), salvaguardado naturalmente pela independência das entidades envolvidas.
Especialmente em Portugal, esta ideia de “outsourcing” avançou mais decisivamente há umas décadas e teve como pioneiras as actividades ligadas à informática, no início do seu desenvolvimento, quando as empresas por falta de know-how, investimento associado e/ou grau de especialização, passaram a realizar fora serviços de processamento de dados (service-bureau) ou mesmo o desenvolvimento de pacotes de software à medida.
Daí à situação actual em que, por exemplo na industria têxtil é prática deter a concepção de produto e contratualizar fora a grande maioria das operações a jusante, de facto, não passaram mais de 50 anos, período em que a ideia se consolidou fazendo, hoje em dia, parte da estratégia da maioria das organizações.
O cuidado fundamental nesta prática do “outsourcing”, está na selecção (qualidade da prestação) e coordenação com os “outsourcers” seleccionados para serem parceiros da organização: Na selecção pois há que assegurar os parâmetros de qualidade exigidos pelos clientes; Na coordenação do processo pois há que permanentemente avaliar os benefícios para ambas as partes. Só assim o processo é sustentável.
Sendo o tecido empresarial português representado em larga maioria por pme’s, o “outsourcing” apresenta-se como uma possibilidade prática de ganhar especialização e escala que lhes possibilite enfrentar mercados de maior dimensão e cada vez mais competitivos.
Carlos Rua
2011-09-06
terça-feira, 6 de setembro de 2011
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