sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Cara e coroa da economia da Região de Viseu

Foram publicados recentemente pelo INE o Anuário Estatístico da Região Centro (AERC) e o Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio (EPCC). Um caso e outro permitem-nos conhecer melhor a nossa Região no confronto com as demais. Qual é a posição relativa da NUT III Dão-Lafões no contexto nacional?
A Região de Dão-Lafões é um território de cerca de 3,5 mil Km2 onde residem, segundo as previsões do INE, cerca de 291 milhares de pessoas. A riqueza produzida em 2007 foi aproximadamente de 2,7 mil milhões de euros (Valor Acrescentado Bruto a preços de 2000). Comparando com o conjunto do País, concluímos que se trata de uma Região pequena que representa cerca de 3,8% do território nacional e 2,7% da população.
Porém, a economia parece torná-la mais pequena já que apenas representa 1,9% da riqueza criada em Portugal. A este desempenho global da economia está associado um valor da produtividade (VAB/Emprego) que é apenas de 61,3% da média nacional quando, em 2000, esse valor já se cifrava em 71,1% depois de ganhos praticamente constantes ao longo da década de 90. Refira-se que nem todos os sectores têm igual comportamento: pela negativa destaca-se o sector primário ou o comércio e construção e pela positiva destaca-se a indústria transformadora, embora com grande heterogeneidade no seu seio.
Sectores mais sofisticados, aqueles que fazem apelo a maior conhecimento e criatividade e que estão na base do crescimento económico das regiões e dos países mais desenvolvidos, têm um peso pouco significativo na economia da Região. Com efeito, a proporção do VAB das empresas em sectores de alta e média-alta tecnologia, na Região, é de 10%, ligeiramente inferior à média do país, mas muito abaixo dos 20,5% do Baixo-Vouga. Por outro lado, a proporção de pessoal ao serviço em actividades de tecnologias de informação e de comunicação é de 0,5% que compara com 2,1% no Pais.
Este desempenho do lado da produção influencia, naturalmente, o que se passa do lado do consumo. De acordo com o EPCC, em Dão-Lafões cada residente tem um poder de compra de cerca de 71% da média nacional, sendo clara a grande disparidade existente entre os concelhos com maior e menor poder de compra, Viseu com quase 92% e Penalva do Castelo ou Vila Nova de Paiva que não atingem metade do poder de compra médio de um português. No contexto do Pais, Viseu é o 59º município quando, em 2000, idêntico estudo do INE o colocava em 36º lugar.
Se esta é a “cara” da Região, também é certo que o reverso nos mostra a existência de grandes empresas e grupos económicos, com dimensão nacional, e que operam no mercado global; mostra-nos muitas PME que são excelentes no contexto nacional; mostra-nos empresas que são líderes e inovadoras no contexto dos respectivos sectores.
Pode pensar-se que tudo isto que acontece na economia da Região, o melhor e o pior, é apenas fruto das acções individuais dos agentes económicos; pode acrescentar-se os efeitos, positivos ou negativos, das politicas públicas centrais; todas estas intervenções desempenham o seu papel, um papel insubstituível, mas não eliminam a necessidade de a própria Região, com todos os seus agentes – económicos, políticos, culturais, de ensino, etc. – olhar para o que se está a passar e procurar intervir, de forma coordenada. Não basta que cada agente, na sua organização, no desempenho das suas funções, diga “- eu cumpri o meu papel!” Será um erro grosseiro.

3 comentários:

Anónimo disse...

boas

descobri um blog que pode ser util ao vossos pensamento sobre a regiao de viseu

http://malvasiafina.blogspot.com


continuem no bom caminho

Pedro Martins

Unknown disse...

Exmo. Sr. Dr. Simões,

Já tinha tido o prazer de assistir á apresentação deste trabalho durante uma conferencia no IPV.
Permita-me que o felicite pois considero que uma parte importante da analise está realizada.
Este deve ser o tempo de Planear Estratégicamente e operacionalizar o essa Estratégia.
O presente não nos permite perder tempo a julgar o que se passou para estarmos nestes niveis de desenvolvimento, mas força-nos a ser rapidos, objectivos e com pouca margem de erro no traçar do caminho futuro.
O nosso aparente bem estar presente pode-nos estar a anestesiar a capacidade de decidir atempadamente.
É minha opinião é no Planeamento Estratégico Regional que a nossa Academia pode desempenhar o seu papel, assim nos queiram ouvir...

Cumprimentos

Paulo Gaspar

Arlindo Lopes Corrêa disse...

Os indicadores da região de Viseu são preocupantes. Pena que eu não a conheça bem, pois gostaria de dar algumas sugestões. Trabalhei 7 anos no Ministério do Planejamento do Brasil, chefiando o Setor de Desenvolvimento Social, mas minha experiência de nada vale no caso. Em princípio, porém, investir em Educação e Inovação são caminhos universais. Arlindo Lopes Corrêa PS - Visitem meu blog em http://arlindolopescorrea.blogspot.com