sexta-feira, 26 de junho de 2009

A Região de Viseu e o Corredor Irun-Portugal

Em estudo recente, foram apresentados diferentes cenários de desenvolvimento territorial da União Europeia, para o ano de 2030 (Projecto ESPON 2.3). Na base destes cenários encontram-se grandes tendências que já hoje se verificam e que irão continuar como, por exemplo, as alterações climáticas, a escassez do petróleo, estagnação e envelhecimento da população, entre outras. O que distingue os três cenários construídos serão as diferentes orientações das politicas comunitárias: maior preocupação com a coesão, maior preocupação com a competitividade ou a manutenção das actuais politicas que procuram atingir simultaneamente estes dois objectivos.
Para alem das diferenças encontradas, é interessante realçar os pontos comuns. Na verdade, independentemente das politicas que vierem a ser adoptadas, a concentração das actividades económicas, da capacidade de criação de riqueza e, naturalmente, da população persistirá na região central da Europa, no designado “Pentágono”; por outro lado, em direcção às zonas periféricas da Europa estas actividades e fluxos estendem-se de acordo com a orientação dos corredores de transporte; por último, refira-se o papel das cidades, em particular, dos grandes centros urbanos, na atracção de actividades e de pessoas.
Olhando este estudo de um ponto de vista nacional e da Região de Viseu, o que chama a atenção é o papel influente das Áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e, por outro lado, o facto de o território nacional não ser tocado por nenhum daqueles corredores de expansão da actividade económica – estes ficam-se por Madrid e por Valladolid (na melhor das hipóteses).
A UE definiu uma Rede Europeia de Transportes da qual faz parte o Eixo que liga o Litoral português até Irun, atravessando Castilla y León. Este corredor (rodoviário – A25 e A62/Espanha - e ferroviário – via férrea de Aveiro-Viseu-Salamanca - a que se juntam as infra-estruturas portuárias) é, pois, um instrumento imprescindível para o desenvolvimento da Região Centro (e de Castilla y León). Ele é hoje um importante corredor de passagem de mercadorias, seja nos contextos nacionais e da Península Ibérica, seja nas transacções com o resto da Europa.
Eis, pois, um bom campo de acção ao serviço do desenvolvimento regional e para o qual intervém as infra-estruturas indicadas, mas também as cidades, os únicos elementos deste sistema com capacidade para transformarem um corredor de passagem num território de localização de actividades e de pessoas. Para o efeito, é importante o contributo isolado e cooperativo dos agentes económicos, do ensino superior e dos decisores políticos. É este caminho que a Região de Viseu está a começar a trilhar - é um bom sinal.

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