sexta-feira, 30 de abril de 2010

Uma Estratégia - Desenvolvimento Sustentável - para a Região de Viseu III

Uma Estratégia - Desenvolvimento Sustentável - para a Região de Viseu II

Localização geo-estratégica de Viseu e território envolvente.
(clicar na imagem para ampliar)

Uma Estratégia - Desenvolvimento Sustentável - para a Região de Viseu

Nos tempos de Hoje, para pensarmos o Amanhã, reconhece-se que o desenvolvimento tem de ser necessariamente sustentável, assentando articuladamente e em subsidiariedade em 3 pilares: a economia, o social e o ambiente.

Num Mundo do local para o global, as cidades/regiões devem assumir marcas diferenciadoras, conquistando elementos de competitividade. P.e. em Portugal, Coimbra é a cidade dos estudantes ou da saúde; Aveiro, das telecomunicações; Braga, do software e, perfila-se, da nanotecnologia. E Viseu?

No contexto nacional, Viseu e o território envolvente têm condições ímpares para assumir o paradigma do desenvolvimento sustentável, impulsionador de uma dinâmica criadora de produtividade e riqueza.

A Região está geo-estrategicamente localizada, no Centro, entre o Mar e Espanha, cruzada por rodovias estruturantes e linha férrea (reforçada com a ferrovia de velocidade elevada?).

A cidade de Viseu, já hoje uma referência de Qualidade de Vida, é pólo potencialmente catalisador de um território com mais de 200 mil habitantes, com alguns centros industriais médios, geradores de valor acrescentado (p.e. Mangualde, Tondela ou Oliveira de Frades) e sem um passivo ambiental significativo.

“Rasgada” por bons recursos hídricos, a matriz territorial da Região é a floresta, uma das (ou a) regiões com maior ocupação florestal de Portugal.

A floresta e os inúmeros produtos derivados podem constituir uma marca diferenciadora, um cluster (Porter dixit), da Região que contribua decisivamente para o seu desenvolvimento e também para revigorar esta fileira que tem perdido peso no PIB e nas exportações nacionais.

Atente-se igualmente no interesse das actividades económicas adjacentes ou imiscuídas com a floresta, como o turismo próximo da natureza ou as termas (vide a sua expressiva relevância regional).

A agricultura e a pecuária da Região são também manancial de produtos endógenos diversos (muito imiscuídos na Natureza), como o Vinho do Dão, ou outros ainda por potencializar.

Incontestavelmente, as Energias Alternativas, um “grande” cluster a emergir, com a aura de “Verde”, encontra na Região de Viseu um território de excelência. Não só na produção (onde está na linha da frente p.e. nas eólicas), mas igualmente em grandes players industriais e de I&D empresarial. Directamente derivadas da floresta, a Região é a pioneira de centrais térmicas de biomassa (Mortágua), estando outras para ser implantadas a breve prazo (p.e. no concelho de Viseu).

A Região desfruta de um contexto singular para poder concertar os seus imensos capitais - histórico, cultural, cognitivo, social, económico e ambiental - intensificados com contemporaneidade, talento, criatividade, inovação e tecnologia e, enfim, a “Atitude” (que tem escasseado?) de todos os actores, em prol de um desenvolvimento sustentável, promovendo a diferenciação para a competitividade dos territórios.

Pedro Baila Antunes

Clareza no Pensamento (Vídeo) 37. "Desenvolvimento Sustentável"

Entrevistado por Ilídio Silva, Pedro Baila Antunes apresenta genericamente o conceito de Desenvolvimento Sustentável, como introdução a um enfoque específico sobre a Região de Viseu (vide artigo seguinte).

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Buscar a Aprendizagem e o auto-desenvolvimento

Hoje, mais do que nunca, o nosso sucesso depende da rapidez com que adquirimos e aplicamos novas competências.
O desenvolvimento contínuo, tanto pessoal como profissional, não é mais uma questão de opção, é sim, uma necessidade!
Uma das principais finalidades do desenvolvimento é aumentar a nossa capacidade de desempenho no trabalho. O processo tem início com a identificação das competências, habilidades, atitudes e conhecimentos específicos que realmente farão diferença fazendo com que se consigam atingir os objectivos esperados.
O processo de desenvolvimento é um ciclo contínuo de aprendizagem, sendo necessário que os novos comportamentos sejam incorporados na rotina diária.
Em muitas ocasiões, a aprendizagem acontece sem estar planificada. No entanto, para sermos bem sucedidos, é necessário buscar activamente as oportunidades de aprendizagem, assumindo-as como parte constante das nossas actividades diárias.
Torna-se necessário que saibamos aproveitar as experiências e os desafios, grandes ou pequenos, para melhorar e transformarmo-nos em profissionais mais eficientes.
Aqui ficam algumas dicas para aumentar o nosso “coeficiente de aprendizagem”:
Aprenda para ganhar sabedoria, ganhar conhecimento, não é suficiente;
Torne-se um “Aprendiz”, a vida toda. Aborde todas as situações perguntando-se a si mesmo: “O que é que eu posso aprender daqui?
Saia da rotina. Procure maneiras inovadoras de abordar as situações com as quais lida todos os dias.
Diversifique. Envolva-se em diferentes projectos e actividades, de forma a ganhar experiências diferentes.
Encare os seus pontos fortes como oportunidades de desenvolvimento. Geralmente, os nossos pontos fortes são a nossa fonte de sucesso. Encontre a forma de poder usar essas suas habilidades, para consolidá-las;
Admita os seus pontos fracos e tente compensá-los. Aproxime-se de pessoas que sejam fortes nesses pontos e aprenda com elas, aproveite as sinergias.
Procure o feedback das pessoas que o rodeiam, elas podem ajuda-lo no seu desenvolvimento.
Os aprendizes eficientes entram em sintonia com as próprias emoções e utilizam-nas para ajudar a guiar as decisões que tomam para serem mais eficientes.

Reflicta sobre:
Quão eficiente é ao lidar com as suas emoções;
Que valor dá ao que os outros pensam sobre si;
Deixa que as suas acções sejam influenciadas pelas opiniões dos outros;
Como expressa as suas emoções;
Aprenda a explorar as suas áreas de desconforto para melhorar as suas habilidades e os seus conhecimentos.
Para terminar, encaremos pois, a nossa aprendizagem de forma divertida e emocionante, vendo-a como o caminho a percorrer para melhorar a nossa performance.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 36. "Conhecimento e Competitividade."

Dois novos protagonistas do Clareza no Pensamento.
António José Figueiredo questiona Paloma Cabañas sobre conhecimento e competitividade.

Vamos pensar na nossa própria reforma?

Alterações legislativas recentes têm vindo a provocar alguma erosão nas reformas atribuídas pelo Estado. O panorama para os próximos anos não parece ser tranquilizador. É previsível, por um lado, o aumento da idade da reforma sem penalizações, por outro, o agravamento das penalizações no caso de reformas antecipadas e, por fim, a diminuição dos montantes a receber, por via da alteração da sua forma de cálculo. Esta parece ser uma tendência mais ou menos generalizada e não apenas em Portugal. Pessoalmente, estou convencido que ela se irá acentuar nos próximos anos, o que faz com que quem tem actualmente 45/50 anos deva pensar seriamente naquilo que pretende daqui a 20/25 anos, quando se reformar, e no que pode fazer, por sua conta, para minimizar esses aspectos negativos. Os mais jovens têm ainda mais razões para meditar sobre o assunto. Podem e devem precaver-se melhor.

Basicamente, há duas formas de precaver o futuro: poupando ou investindo. Entendamos “poupança” como aplicação de dinheiro sem risco (ou com risco baixo) de perda de capital e “investimento” como aplicação de dinheiro com risco de perda de capital. Assim, podemos “poupar” aplicando o nosso dinheiro em depósitos a prazo, certificados de aforro, obrigações do tesouro ou alguns produtos específicos dirigidos à poupança de longo prazo (PPR’s de baixo risco). Estes produtos têm em comum baixo risco e baixo retorno. Quanto ao “investimento”, pensando apenas em produtos financeiros, uma possibilidade é o investimento em acções, seja directamente, seja através de fundos de acções ou em PPR’s de maior exposição ao risco.

Historicamente, para prazos longos, o retorno anual médio de um investimento em acções tem superado claramente o investimento em produtos de baixo risco, superando mesmo a inflação, o que significa um ganho real em termos de poder de compra. Claro que se corre o risco de perder dinheiro, mas é pouco crível que isso aconteça para prazos longos. O momento actual, em particular, parece ser interessante para investir em acções, numa óptica de longo prazo. Os mercados accionistas desvalorizaram muito significativamente desde o início da crise. Recentemente têm vindo a recuperar, mas ainda estão longe dos máximos já registados.

Quem puder fazê-lo, deve começar tão cedo quanto possível a preparar a sua própria reforma. A este nível, como a outros, o futuro é cada vez mais incerto. O mais sensato é não dar como garantido que daqui a 20/25 anos as coisas serão como actualmente. Mais ainda se pensarmos num horizonte temporal superior, ou seja, os mais jovens têm vantagens em se ir precavendo tão cedo quanto possível, ainda que aforrando ou investindo pouco. É verdade que quando se é jovem, normalmente não há grande capacidade de aforro ou investimento. Por outro lado, a reforma não é algo que preocupe os jovens. Ainda falta muito tempo até lá!... Pura ilusão...

Paridades de Poder de Compra

Por vezes procura-se comparar o nível de vida entre países confrontando os respectivos PIB per capita (Produto Interno Bruto por habitante), que corresponde, basicamente, ao rácio do PIB total do país (valor da produção gerada no território económico do país) pela população residente no mesmo. A comparação nesses termos padece, no entanto, de várias limitações.

Uma das limitações maiores decorre do facto de os níveis de preços poderem ser diferentes entre os países (o que influencia, naturalmente, o poder de compra dos indivíduos).
Daí que uma medida mais ajustada para comparações seja o PIB per capita mas expresso em Paridades de Poder de Compra (PPC). Este indicador expressa o valor do PIB per capita mas “corrigido” pelo nível de preços relativo do país (eliminando-se assim os efeitos das diferenças nos níveis dos preços entre países). As PPC funcionam pois como uma “moeda comum” artificial que permite medir o poder de compra associado ao PIB per capita em moeda. Basicamente, calcula-se pela relação entre o PIB per capita (em moeda) do país e o nível de preços relativo do mesmo.
A comparação pelas PPC conduz muitas vezes a resultados consideravelmente diferentes dos que se obtêm pela comparação dos PIB per capita em moeda.

Com base em trabalhos desenvolvidos pelo Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou em Dezembro de 2009 os valores do PIB per capita expresso em PPC para 37 países europeus, referentes a 2008.
Os valores de referência para a comparação são os valores médios para a União Europeia (UE, 27 países). A moeda de referência é, naturalmente, o euro (fazendo-se a correspondente conversão para os países com moeda diferente).

Vejamos a situação portuguesa. Em 2008, o PIB per capita português, em moeda, era de 15668,37 euros. O índice de preços relativo, por sua vez, era de cerca de 82,3 (o que compara com o valor de referência 100 para a média da UE, e que significa que aquilo que custava na UE, em média, 100 euros, custava em Portugal, em média, 82,3 euros). Da relação daqueles montantes resulta um valor de 19047,76 para o PIB per capita expresso em PPC.
A comparação entre países deste indicador mostra que, em 2008, o valor para Portugal representava apenas 76% da média da UE (valor de referência de 100). Trata-se de um resultado pouco interessante, pois para além de mostrar um afastamento considerável da média europeia, evidencia também a incapacidade manifestada para melhorar esta posição relativa ao longo dos últimos anos. Portugal regista o valor mais baixo entre os 15 países “antigos” da UE (não considerando os 12 países que aderiram à UE a partir de 2004), ficando ainda atrás de alguns membros mais recentes (como Chipre, Eslovénia, República Checa e Malta)*. São, aliás, resultados que, na linha de outros, confirmam o fraco desempenho da economia portuguesa nos últimos anos, particularmente na última década.

(*- Note-se que alguns dos países referidos, nomeadamente Malta e a República Checa, embora tendo um PIB per capita em moeda inferior ao português, apresentam níveis mais elevados para o indicador em PPC, devido aos valores consideravelmente mais baixos dos respectivos níveis de preços relativos.)

sábado, 17 de abril de 2010

Clareza no Pensamento (Vídeo) 35. "O que é o rating?"

Entrevistado por Alfredo Simões, Ilídio Silva esclarece.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O que é o rating?

Recentemente, vários órgãos de comunicação social têm-se referido à figura do rating. Afinal, o que é isso do rating?
Conceito de rating
O rating, ou notação de risco, constitui um processo que permite avaliar a probabilidade de incumprimento por parte da entidade emitente, nomeadamente em relação ao eventual não pagamento atempado de juros e/ou capital.
Quem atribui o rating?
O rating é atribuído por uma entidade independente que analisa periodicamente a condição económico-financeira da entidade emitente, publicando as suas conclusões. A nível mundial, destacam-se a Moody’s, a Fitch Ratings e a Standard & Poors. A nível nacional, podemos referir a Companhia Portuguesa de Rating.
Com base em que critérios o rating é emitido?
De entre os diversos aspectos que as agências de rating têm em conta para atribuir uma notação de risco, podemos destacar: o enquadramento legal e contratual dos compromissos financeiros sujeitos a rating, o enquadramento macroeconómico e do sector de actividade, a posição competitiva da entidade emitente, a sua organização e capacidade de gestão, a análise económico-financeira passada e previsional, com destaque para os aspectos mais sensíveis a variações conjunturais, etc..
Como são definidas as classificações de rating?
O rating é normalmente definido com recurso a letras, podendo também integrar algarismos (depende um pouco da agência de rating em questão). Contudo, essas definições apresentam o mesmo objectivo: classificar de forma gradual o risco de crédito de uma emissão ou de uma entidade emitente. Por exemplo, a Companhia Portuguesa de Rating utiliza, para emissões de médio e longo prazo, as seguintes notações: AAA (que significa “capacidade extremamente forte para cumprir os seus compromissos financeiros”), AA, A, BBB, BB, B, CCC, CC, C, D (que significa “o emitente encontra-se presentemente em incumprimento de compromissos financeiros”). Os ratings de “AA” a “CCC” podem ser modificados com a adição de “+” ou “-”. Complementarmente à notação, é apresentada a tendência, que poderá ser positiva, estável, negativa ou indefinida.
Que consequências poderá ter uma notação de risco mais fraca?
Poderá registar-se uma quebra da procura dos títulos emitidos pela entidade emitente ou então, uma vez que agora tais títulos incorporam uma maior componente de risco, os investidores apenas estarão interessados em adquirir esses títulos se o retorno for também maior, o que se materializa na aplicação de taxas de juro mais elevadas.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A Ditadura do Curto Prazo (I)

No meu habitual “zapping” pelos canais televisivos, chamou-me à atenção uma entrevista que estava a ser dada por um autor que não conhecia: Michael Lewis[1]. Apresentava ele, o seu último livro, “The Big Short”. É um livro sobre a última crise nos mercados financeiros mundiais. Obviamente, o autor alude, no título do livro, à técnica de “short selling”[2] nos mercados financeiros, à ânsia de ganho de muito dinheiro, no mais curto espaço de tempo e refere-se aos grandes especuladores, heróis, de outros tempos, de muitas entidades financeiras que tinham de atingir os objectivos de arrecadação de resultados avultados a muito curto prazo e que, no auge da tempestade financeira que criaram, se “afastaram” com altíssimas fortunas pessoais. No entanto, o que me pareceu mais preocupante, na sua entrevista (ainda não li o livro e por isso não posso dizer se nele se encontra presente esta ideia), foi a afirmação de que existe já um apagamento da memória, quer das instituições, quer dos investidores, quer dos consumidores. Os tais heróis dos mercados financeiros (altos especialistas em produtos financeiros complexos) estarão de regresso e, para os mesmos lugares.

Porquê? Qual a razão para que nos tempos actuais (final do séc.XX – início do séc.XXI), exista um especial privilégio pelo curto prazo em detrimento do longo prazo? Porquê toda esta voracidade pela obtenção de resultados a curto prazo? Se atentarmos na regra da economia, segundo a qual para que uma economia esteja em equilíbrio o investimento tem de ser igual à poupança, poderemos compreender os desequilíbrios actuais da nossa economia. É que a poupança (comportamento de longo prazo), não chega para o investimento porque o rendimento gerado pela economia é, praticamente todo, destinado ao consumo (comportamento essencialmente de curto prazo). Só o recurso ao endividamento e aos rendimentos provenientes de investimentos especulativos, permitem a escalada do consumo, continuando o ciclo “destrutivo”, até que algum facto extremo o interrompa. Diríamos que estamos perante um paradoxo: por um lado, precisamos dos mercados especulativos para colmatar as necessidades de investimento, por outro lado, são eles que permitem o crescimento do consumo. São os mercados especulativos que têm possibilitado esta ditadura do curto prazo (“consumismo”).

Porque será que não quebramos este ciclo? Não é acabando com os mercados especulativos, eles são necessários para alavancar investimentos reais. É, quebrando a apetência excessiva pelo consumo. É, incentivando à poupança. É, educando cada um de nós, de forma a pensar a longo prazo e a privilegiá-lo.

O curto prazo pode criar a ilusão de que somos todos ricos. O longo prazo tratará de a apagar!



[1] ver http://www.youtube.com/watch?v=5WHrvUf016U

[2] Short selling: O especulador pede emprestado um título a um terceiro e vende-o imediatamente a um comprador. Mais tarde, o especulador paga o que pediu emprestado e compra o título no mercado a um preço mais baixo (se o mercado estiver em queda).

sexta-feira, 9 de abril de 2010